Os dias seguintes foram de silêncio. Um silêncio que não era feito apenas de falta de palavras — era feito de coisas não ditas, de olhares desviados, de tudo o que poderia ter sido dito e não foi.
Rafael trabalhava dobrado, quase como se quisesse provar algo a si mesmo. Acordava antes do amanhecer, com o som dos galos ainda misturado ao vento frio, e só voltava para o quarto depois que a lua já pendia alta no céu.
A música — aquela que ele dizia estar escrevendo — havia parado. O violão, agora, descansava num canto empoeirado, como se o próprio instrumento tivesse desistido de cantar.
Isabella percebia tudo, mas fingia não ver. Andava pela fazenda com o rosto sério e as mãos inquietas,
sempre ocupadas com alguma tarefa.
Seu Anselmo observava, em silêncio, sem interferir. O velho sabia que há dores que precisam do próprio tempo para se explicar.
Uma manhã, enquanto cuidava das novilhas, Isabella viu Rafael passando com o balde de ração e desviando o olhar. Ela tentou ignorar, mas o cor