DAVINA
A noite estava tão escura que parecia conspirar contra nós. A Albânia já não nos queria por perto, e sinceramente, o sentimento era mútuo. O esconderijo era lindo,a mãe de Vincent tinha bom gosto, mas eu estava com saudade da minha mãe e precisava de um sanduíche gorduroso com batatas fritas direto da minha cidade natal.
Eu tamborilava os dedos no braço do sofá, observando Vincent do outro lado do cômodo. Ele fingia ler um livro, mas não enganava ninguém. Coçava a testa como se quisesse arrancar a própria pele e encarava a mesma página há uns bons minutos.
— Se você continuar esfregando essa testa assim, vai acabar fazendo um buraco no cérebro.
Vincent me olhou por cima do livro, os olhos cinzentos carregados de uma exasperação tão profunda que eu quase senti um calafrio.
— E se você continuasse calada por cinco minutos? Só para testar algo novo.
Eu rolei os olhos.
— E perder a chance de te irritar? Nem morta.
Do outro lado da sala, Gutemberg gargalhou.
— Eu amo o som da sua voz