No dia seguinte, fui sozinha ao hospital para confirmar a saúde dos bebês.
Mas na esquina do corredor, vi duas pessoas familiares.
Cláudio segurava Gabriela com cuidado e tinha uma expressão suave.
De manhã, ele disse que tinha que trabalhar, mas na verdade, estava a acompanhando para um ultrassom.
Senti como se uma marreta tivesse atingido meu coração.
Não conseguia respirar de tanta dor.
Escondi-me atrás de uma coluna e vi eles entrando no consultório.
— Cláudio, você realmente quer esse filho? — Ouvi a voz de Lucas Ribeiro, um amigo de Cláudio e médico do hospital. Sua voz foi clara para mim.
— Claro que sim. Eu preciso desse filho. — A voz de Cláudio era firme e determinada.
— Mas e a Letícia? O que você vai fazer com ela? — Lucas perguntou.
Cláudio ficou em silêncio por um tempo e depois disse lentamente:
— Letícia não pode ter filhos. Assim que Gabriela der à luz, vamos adotar a criança. Só assim o bebê será meu herdeiro legítimo.
Meu corpo inteiro tremeu, e meu coração se partiu em mil pedaços.
Ele tinha planejado tudo.
Ele queria que eu adotasse o filho dele com outra mulher.
Cobri a boca com a mão para não fazer barulho.
As lágrimas rolaram em silêncio pelo meu rosto.
Nesse momento, Gabriela terminou o exame e saiu da sala.
— Cláudio, eu estou te dando problemas? — Ela perguntou, parecendo coitada.
— A culpa é minha, não devia ter te contado sobre a gravidez. — Ela disse, chorando. — Eu ia abortar o bebê, mas a médica disse que, se eu fizesse isso, nunca mais poderia ter filhos.
Cláudio deu um tapinha suave no ombro dela. Sua voz era gentil.
— A culpa não é sua, Letícia vai descobrir mais cedo ou mais tarde.
Gabriela abaixou a cabeça, com a voz abafada.
— Sei que Letícia não vai gostar de mim, mas vou me esforçar para agradá-la. Juro que quando o bebê nascer, vou ser a babá na sua casa para cuidar dele e dela.
Cláudio deu um tapinha leve no ombro dela.
— Eu sinto muito que você esteja passando por isso.
Eu olhei para os dois, me sentindo sufocada.
Alguns minutos depois, Cláudio foi buscar o remédio, e Gabriela ficou sozinha no corredor.
Ela ajeitou as roupas e, com um sorriso frio, veio lentamente na minha direção.
— Letícia, o que você está fazendo atrás da coluna? Faz tempo que não te vejo.
Eu cerrei os lábios, sem dizer uma palavra.
— Você estava se escondendo aqui, não é? Ouviu tudo, né? — Ela levantou a sobrancelha, com os olhos cheios de desafio.
Eu respirei fundo, tentando me controlar para não falar com ela, e me virei para ir embora.
Mas ela me bloqueou, sorrindo.
— Seja esperta e saia de cena. Estou grávida do filho dele, a família Loureiro vai me apoiar. Você vai acabar sendo expulsa, e vai ser muito feio. Além disso, sua certidão de casamento é falsa. Se as pessoas descobrirem, você vai ser a amante na história!
As palavras dela eram cada vez mais cruéis. Fechei os punhos, cravando a unha na palma da minha mão.
— Gabriela, você…
Quando eu ia falar, ouvi passos apressados.
Era Cláudio voltando.
A expressão de Gabriela mudou, e ela se transformou em uma pessoa frágil e inocente.
— Letícia, sei que não gosta de mim, mas o bebê não tem culpa, por favor, não machuque a criança...
De repente, ela caiu no chão, segurando a barriga com as duas mãos, enquanto o rosto se contorcia em agonia.
— Gabriela! — Cláudio gritou, correndo para ela. — Letícia, o que você fez com a Gabriela?
Ele me encarou, com os olhos cheios de raiva e decepção.
Fiquei paralisada, sem saber como me defender.
— Cláudio, minha barriga está doendo, nosso bebê... — Gabriela chorava no chão.
— Não culpe a Letícia, ela só deve estar com raiva...
Cláudio segurou a mão dela com força, com o olhar cheio de dor.
— Não se preocupe, vou te levar para o médico agora!
Ele a pegou no colo e saiu sem olhar para trás. Não tive nem a chance de explicar.
Ao vê-los se afastarem, senti meu coração se esvair.
Já que Cláudio a escolheu de novo, eu decidi deixar eles felizes.