Vitória,
Entrei com as mãos suando igual tampa de panela quente, abraçada nos meus cadernos como se eles fossem escudo. Juro que pensei em dar meia-volta e ir embora umas três vezes antes de achar a bendita sala 204. Aqui é enorme, parece até um labirinto. Se não fosse fazer isso para me sentir um pouco livre, eu acho que não estaria aqui.
Enfim encontrei a porta. Parei, respirei fundo e dei uma espiadinha para dentro. Tinha umas meninas já sentadas, mas o que me chamou atenção foram três mulheres perto do quadro. Devia ser as professoras. Só podia. Elas tavam rindo e falando como se fossem colegas de infância. Bem longe daquele clima tenso que eu imaginei que ia ter.
— Hoje eu juro que vou seguir o cronograma — falou uma delas, ruiva, com o cabelo preso num coque todo bagunçado e uma pilha de folhas quase caindo da mão dela.
— Você fala isso toda segunda, Sílvia — respondeu a outra, que tava toda arrumada com um vestido azul chique e um salto que eu não sei como ela aguentava.
— Mas