O barulho ensurdecedor finalmente chamou a atenção de outras pessoas, e a porta que havia mantido Zara presa por um dia inteiro foi enfim aberta. Foi só nesse momento que Zara percebeu que Orson já sabia como sair do quarto há algum tempo, mas simplesmente não tinha feito nada antes. As sobrancelhas de Zara se franziram imediatamente. Ela olhou para ele, mas Orson já estava colocando o casaco. Ele não disse nada, nem sequer a olhou. Assim que terminou de vestir o casaco, saiu do quarto sem olhar para trás. Erwin, que tinha ouvido o barulho, estava parado na porta, observando a cena com curiosidade. Quando seus olhos encontraram os de Zara, ele ainda teve o descaramento de sorrir e cumprimentá-la com um tom brincalhão. Zara ignorou completamente Erwin e virou-se para o outro lado, caminhando na direção oposta. Erwin arqueou as sobrancelhas, claramente intrigado, mas logo apressou o passo para alcançar Orson. — Como assim? Vocês dois não fizeram nada? Isso é inaceitável! Eu c
Emory parecia responder com tranquilidade, mas Zara sentiu uma pressão evidente naquelas palavras. Ela hesitou por um instante antes de responder: — As coisas não são como você pensa... — Eu sei. — Respondeu Emory rapidamente, com um sorriso. — Não precisa ficar tão nervosa. Você e o Orson... Os outros podem não saber, mas eu sei. Com certeza ele armou para te levar até lá, não foi? E, de qualquer forma, você nunca deixaria a Natália de lado. Então, eu acredito em você. A paciência na voz de Emory parecia querer tranquilizá-la, mas, ao mesmo tempo, era como se algo pesado estivesse colocado sobre os ombros de Zara, um peso que ela não sabia como lidar. — Você provavelmente também não dormiu nada essa noite. Vai descansar. — Disse Emory, levantando-se logo em seguida. — Eu também vou indo. Zara assentiu com a cabeça. Mas, quando Emory passou por ela, seus passos de repente pararam, e ele se inclinou rapidamente em sua direção, encurtando a distância entre os dois. O movime
— Como assim “besteira”? Aquilo é de uma marca de luxo, super cara! Eu fiz questão de... — Essa marca não vai me fazer passar vergonha? — Disse Zara, apertando os dentes. — Mas eu nem tive tempo de... — Melissa começou a se justificar, mas de repente parou, percebendo algo. — Peraí, como você sabe qual marca é essa? Olha só, Zara, parece que sua vida não é tão inocente assim, né? As palavras de Melissa pegaram Zara de surpresa. Por um momento, ela ficou sem saber como rebater e, no final, apenas revirou os olhos. — Não vou discutir com você. — Não, espera aí. — Insistiu Melissa, cruzando os braços. — Então, me conta: você e o Emory... — Não aconteceu nada. — Respondeu Zara, de forma direta. Melissa, a princípio, achou que Zara estava apenas sendo evasiva, tentando esconder algo. Mas, ao encontrar o olhar sincero dela, percebeu que realmente nada havia acontecido. — Que decepção! — Melissa suspirou, jogando-se contra o balcão. — Nunca ouvi falar de alguém que vai para um
Ao cair da noite. Natália tinha passado o dia inteiro dentro do carro. Quando foi tomar banho, seus olhos já estavam quase se fechando de tanto sono. Agora, Zara estava secando seu cabelo, e a cabeça da menina balançava levemente, como se fosse dormir a qualquer momento. Zara riu ao vê-la assim e disse: — Se você estiver com sono, pode dormir direto. Hoje a gente não precisa contar história, tá bom? — Não, mamãe. — Respondeu Natália, abrindo os olhos rapidamente. — Eu quero ouvir uma história. — Tá bom. Hoje você quer ouvir qual? Natália imediatamente se levantou e foi até sua pequena estante. Ela começou a procurar com seriedade até que escolheu seu livro favorito: Meu Monstrinho. Zara pegou o livro das mãos da filha. Natália já tinha ouvido aquela história incontáveis vezes, mas parecia nunca se cansar. Sempre prestava atenção como se fosse a primeira vez. Quando Zara chegou à última página, Natália olhou para ela e perguntou: — Mamãe, o monstrinho vai ficar com a N
Zara percebeu o estado de espírito dele e, após apertar sua mão, finalmente disse: — Nos últimos anos, seu foco de trabalho tem sido em Cidade N, né? A pergunta pegou Emory de surpresa. Ele hesitou por um instante, mas não mentiu. Apenas assentiu devagar com a cabeça. — Mas eu não quero voltar para lá. — Continuou Zara. — Eu gosto bastante daqui, do ambiente, da tranquilidade. Então... A distância entre nós seria um problema. — Isso não é problema nenhum! — Respondeu Emory imediatamente, com uma urgência quase palpável na voz. — Hoje em dia, com tantas opções de transporte, eu posso vir te ver todos os meses. Além disso, a E.A. ainda está no começo. Quando as coisas se estabilizarem em dois ou três anos, eu planejo abrir filiais em outras cidades. E, quando chegar a hora, minha primeira escolha será Cidade F. A maneira como ele falou, com aquela ansiedade, fez Zara sentir como se Emory fosse um homem se agarrando desesperadamente a um pedaço de madeira flutuante no meio do oc
— Emory, há quanto tempo. Uma voz calorosa soou atrás dele, e Orson parou por um instante. Mas ele não se virou. Continuou conversando com a mesma expressão impassível com a pessoa à sua frente. Ele não tinha intenção de participar daquele evento, mas o anfitrião, um velho conhecido, insistiu tanto que ele decidiu aparecer por cortesia. O que Orson não esperava era encontrar exatamente a última pessoa que queria ver. Ele sabia que Emory e Zara estavam juntos. Erwin havia lhe enviado, poucos dias atrás, uma foto dos dois de mãos dadas. Orson já tinha decidido parar de se importar com o que acontecia entre eles. Mas Erwin, como se tivesse encontrado um novo brinquedo divertido, parecia não se cansar de usar aquele assunto para provocá-lo. Orson não sabia se era o prazer de vê-lo desconfortável que fazia Erwin insistir tanto ou se era apenas uma forma de esfregar na cara dele o quanto suas promessas de fidelidade a Zara tinham sido ridículas. Independentemente do motivo, Ors
Aquela era uma das fotos tiradas na última vez que eles tinham ido ao parque de diversões. Naquele dia, os funcionários do parque, numa tentativa de agradá-lo, tiraram inúmeras fotos dos três juntos. Mas, do ângulo em que Orson estava, ele pôde perceber algo: ele havia sido cortado da foto. Restavam apenas Zara e Natália, transformadas agora na imagem de perfil dela nas redes sociais. — Desculpe, vou atender uma ligação. — Disse Emory, lançando um rápido sorriso para ele. Sem esperar pela resposta de Orson, Emory simplesmente pegou o celular e saiu do salão. Orson permaneceu parado, sem se mover. Depois de alguns segundos, ele deixou escapar um leve riso, carregado de ironia. Ele sabia. Como Emory poderia não se importar? Era óbvio que ele tinha tirado o celular do bolso de propósito, apenas para exibir a relação entre ele e Zara. Orson também sabia que aquela postura de indiferença e sinceridade de Emory era pura encenação. Toda aquela naturalidade... Era só fachada, não e
Orson seguiu Emory de perto, mesmo ciente de que seu comportamento era desprezível. Aquilo não era algo que ele deveria fazer, mas, por mais que tentasse, não conseguiu se controlar. Ele chegou a considerar fazer uma transmissão ao vivo para Zara, mostrando exatamente o tipo de homem que ela havia escolhido. Mas não fez isso. Ele sabia que, mesmo que o fizesse, não teria qualquer credibilidade. Além disso, simplesmente não queria se rebaixar a esse ponto. O que ele realmente queria era acabar com a farsa de Emory ali mesmo. Desmascará-lo e afastá-lo de Zara de uma vez por todas. Para Orson, Emory não era nem de longe digno de estar ao lado dela. Pouco tempo depois, Emory entrou com aquela mulher em um quarto de hotel. Orson não foi atrás imediatamente. Ele ficou do lado de fora, acendeu um cigarro e o fumou até o final. Só então começou a caminhar lentamente até a porta. Seus movimentos eram deliberados, sem pressa. Quando chegou, levantou a mão e bateu algumas vezes na porta