Narrado por Leonid Raskolnikov
Havia noites em que o silêncio me sufocava.
E outras, em que o silêncio sussurrava o nome dela com uma crueldade insuportável.
Zalea.
Era como se o universo tivesse parado desde sua ausência. A cidade respirava, mas para mim, tudo havia morrido. O palácio que um dia abrigou seu riso tornara-se um mausoléu. O perfume dela ainda flutuava no ar — nas cortinas que dançavam com o vento, nos lençóis que não mais me aqueciam, nos corredores onde sua sombra ainda caminhava comigo.
Mas não era o fantasma de sua ausência que me matava, era a espera.
A espera.
A espera maldita.
Ela havia sido tomada de mim vestida de branco, como um anjo arrancado do altar por mãos que apodreceram no inferno.
Zaiden.
Maldito seja.
Eu não dormia.
Não comia.
A única coisa que ainda fazia era caçar.
Cacei pistas.
Cacei traidores.
Cacei rumores sussurrados nos becos sujos de Moscou e nos salões dourados da elite podre.
Mas não havia nada.
Era como se ela tivesse se dissolvido no vento.