O pai de Ana era o homem de confiança de Kall, o chefe da máfia, mas ele ficou muito doente e teve medo de deixar a filha desamparada, então em um ato de desespero ele entregou Ana para o mafioso e pediu pra que ele cuidasse dela. Quando o pai de Ana morreu, ela se viu obrigada a conviver com o chefe da máfia mais temido da Itália, mas essa convivência deixou Kall completamente obcecado por Ana. Ana foi ensinada a confrontar qualquer pessoa ou situação e se recusava a obedecer Kall, o que o deixou completamente maluco e empenhado a vê-la rendida. Sendo Ana ainda virgem, o desejo e o confronto tornarão essa convivência interessante e intensa.
Leer másANA
..Não é estranho? Ter nascido em uma família que você sabe que nunca será como as outras? Crescer sem mãe, sem irmãos e ainda ter o seu destino fora do seu próprio domínio?Eu tinha duas opções, ou eu me revoltava e fugia para um lugar longe de todo o drama que constantemente eu era submetida, ou eu aceitava a realidade dos fatos e me entregava ao acaso. E se por acaso eu morresse? Esse pensamento de morte era constante, afinal isso também poderia acontecer a qualquer momento.Seria muito bom se a gente pudesse escolher a família que iriamos nascer, se nós tivéssemos essa escolha muita gente optaria por não ter nascido, a minha escolha com toda certeza seria essa, afinal quem escolheria nascer tendo como família apenas um homem que era envolvido no mundo da máfia?A minha mãe morreu no meu parto, e às vezes eu me perguntava se ela teria aceitado a vida que o meu pai tinha pra dar pra nós duas, ou se ela teria fugido pra que eu pudesse ter uma vida normal, eu preferia acreditar que nenhuma mãe iria colocar em risco a vida da filha tendo outras opções para mantê-la em segurança.Eu achava que a vida era muito injusta comigo, e aquele era mais um daqueles dias em que eu seria obrigada a ir para a universidade e depois teria que ficar trancada em casa enquanto o meu pai saía pra fazer coisas ilícitas com o mafioso mais temido da Itália.— Bom dia pai.— Bom dia Ana, eu já estava indo mesmo acordar você, tome o seu café da manhã rápido pois eu terei que deixá-la na universidade mais cedo.— E quantos homens irão ficar de guarda na porta da universidade dessa vez?— O suficiente para mantê-la segura.— Mande os seus homens ficarem distante o bastante para ninguém perceber que eu tenho cães de guarda.— Então não se coloque em risco, fique onde eles possam ver você.Eu revirei os olhos deixando claro a minha insatisfação mas ele nem ligava mais pras minhas reações, ele simplesmente ignorava pra não ter que escutar de novo o que eu realmente pensava sobre o trabalho dele com um homem que eu nunca havia visto na vida mas que colocava a vida de todo mundo em risco.Eu terminei de tomar o café da manhã em silêncio e depois segui pro quarto pra me arrumar.Sabe o que mais doía naquilo tudo? Era que eu não podia nem ter um namorado, não podia conhecer uma pessoa que pudesse melhorar a minha vida pelo menos um pouquinho, eu vivia me perguntando se eu iria morrer virgem, ou se iria ter que fazer sexo com alguém na presença de seguranças, eu queria poder ser tocada por um homem e sentir prazeres que eu nunca senti, viver experiências que eu nunca vivi.— Ana? Já está pronta?— Sim.— Estarei esperando você no carro!Eu peguei todo o meu material e segui pro carro onde encontrei dois brutamontes com armamentos pesados e outro carro atrás da gente.— Quantos homens tem no carro de trás? — Quatro.— Eu já estou cansada disso.— Quem está cansado sou eu de ter que explicar pra você um milhão de vezes que tudo isso é pra sua segurança.— Eu não iria precisar disso se você escolhesse um trabalho dentro da lei.— Eu não vou entrar nesse assunto de novo.— Nós vamos ter que entrar nesse assunto quando eu me formar e escolher uma vida diferente dessa.— Você pode escolher ir pro outro lado do mundo Ana, mas os seguranças irão com você.Eu enchi os meus olhos de lágrimas mas escolhi ficar calada, afinal aquela conversa não iria dar em lugar nenhum.Eu cheguei na universidade e subi a escadaria com pressa, sem olhar pra trás, mas estava sob o olhar curioso dos alunos, pois aquele carro grande e de vidros escuros que sempre me deixava lá, chamava a atenção de todo mundo.Pra que eu pudesse frequentar a universidade, eu precisava seguir algumas regras, dentre elas era de não falar sobre a minha vida pessoal pra ninguém, e se alguém perguntasse, a ordem era para eu mentir, e eu sofria com o fato de precisar mentir para a minha melhor amiga, mas ela já estava desconfiando que eu guardava um grande segredo.Assim que eu a vi, eu percebi ela olhando pro carro que eu havia acabado de descer.— Bom dia amiga!— Quando você vai me levar pra andar naquele carrão?— Acho que você terá que esperar eu ter o meu próprio carro, Sam.— E de quem é aquele?— É do chefe do meu pai, agora vamos entrar.Ela sorriu e começou a tagarelar sobre o cara que ela estava afim de ficar, e mais uma vez eu me vi pensando se algum dia eu iria poder falar sobre um garoto com ela.A aula começou e eu tentei me concentrar na matéria, eu acreditava que o estudo fosse a única coisa que podia me salvar daquela vida.Quando eu escolhi fazer pedagogia eu pensei que além do meu amor por crianças, eu poderia ensiná-las a serem seres humanos dignos de confiança, que eu iria poder ensiná-las nos primeiros anos de suas vidas a ficarem longe do crime, das drogas e de pessoas como o meu pai e o chefe dele, que o estudo deveria ser o aliado delas na conquista de uma vida digna e justa, eu tentava não ficar desacreditada disso, afinal eu havia tido estudo, no entanto isso não impediu que eu tivesse uma vida limitada pelas escolhas do meu pai.Eu nunca perguntei quais foram os motivos pelo qual o meu pai havia escolhido aquela vida, pra mim nada justificava seguir por aquele caminho, pra mim tudo era questão de escolha, eu podia simplesmente acordar no dia seguinte e escolher denunciá-lo pra polícia, mesmo sabendo que logo depois eu iria ser morta a mando do tão temido mafioso.Afinal quem ele era? Eu me perguntava sobre isso constantemente.Das vezes que pesquisei na internet só apareceu o nome dele e nada mais, não existia um rosto, eu não sabia nem se aquele era realmente o seu verdadeiro nome. Quem era Kall Bellini? Era novo ou velho? Ele tinha família ou era solteiro? Eram perguntas que o meu pai nunca me respondeu, ele sempre falava que eu não precisava saber daquelas informações.ANA..Depois da morte da Aysha, eu passei uma semana com o Kall, eu tentei ser pra ele tudo que eu não fui enquanto ele tentava ser o pai do filho dela.Talvez fosse um pouquinho tarde pra eu ser a parceira que ele precisava, mas eu dei o meu melhor dentro daquela nova realidade.Depois eu tive que voltar pra Espanha, mas antes de ir, eu disse que ele precisava ficar bem para que finalmente a gente pudesse decidir o que seria de nós dois, eu tentei dar pra ele o espaço que eu achava que ele precisava, mas me surpreendi quando ele não me procurou.Os dias foram passando, as semanas foram correndo sem nenhum vestígio dele, e ficou cada vez mais difícil entender o que estava acontecendo.Eu poderia ter ligado pra ele, mas tive medo de estar invadindo o espaço que ele precisava.Eu sempre soube que algumas pessoas levavam um pouco mais de tempo até se recuperar do luto, mas a espera estava me maltratando de uma forma quase insuportável, eu tive noites de insônia, a ansiedade me atacou,
KALL..Eu pensei que nada poderia me tirar daquela bolha em que eu me encontrava com a Ana, mas quando o meu celular tocou, eu senti um leve arrepio na espinha, afinal ninguém tinha aquele número.Eu me levantei pra atender e me assustei ao ouvir a voz do Lion do outro lado da linha...— Kall, a Aysha passou mal e foi levada às presas pro hospital.— Mas ela está bem? E o bebê?— Parece ser sério Kall.— Certo, chego em algumas horas.Eu sabia que a minha atitude desesperada poderia passar uma visão distorcida dos fatos pra Ana, mas eu não tinha como explicar o que nem mesmo eu tinha conhecimento.Eu vi ela chorando, e parecia cruel eu sair daquela forma depois de ter feito sexo com ela, mas eu sabia que depois ela entenderia tudo.Eu tive a sorte de chegar no aeroporto e ter vôo uma hora depois, mal eu sabia o que me esperava.Quando eu cheguei na Itália, peguei o carro no estacionamento e fui pro hospital, chegando lá encontrei a tia Carmem aos prantos nos braços do marido dela, e
ANA..Eu nunca me achei uma pessoa manipulável, embora durante a minha vida eu tenha passado por um processo de manipulação.Quando eu vi o Kall totalmente despido do ego, com a voz calma, totalmente diferente de quando eu o vi mais cedo, eu senti a imensa necessidade de devolver para ele a mesma calma.No fundo eu sabia onde aquela conversa daria, mas vê-lo me ouvir atentamente, levando em consideração tudo o que eu sentia, me fez ter um pouco de esperança, eu não consegui conter as minhas lágrimas porque eu segurei elas dentro de mim por muito tempo, eu tentei ficar bem e reprimi tudo que eu tava sentindo, pra não demonstrar pras pessoas a minha volta o quanto eu estava sofrendo, mas naquele momento na frente dele, eu não vi mais necessidade de esconder, ele precisava entender o que tudo aquilo estava causando em mim e finalmente ele compreendeu.Ter as mãos dele em volta do meu corpo fez eu reviver sentimentos que estavam adormecidos, mas foi a melhor sensação do mundo, era como
KALL..Faltando 5 minutos pras 20:00 horas, eu fui pra parte externa do hotel e olhei pra imensa praça que havia em frente, eu atravessei a pista e fui até lá, e sentei nos bancos.Nesse mesmo momento, um táxi parou, e eu vi a Ana descer e me procurar em volta, eu me levantei e ela me viu.Ela estava linda como sempre, tudo naquela garota me fazia suspirar.O meu coração estava agitado, a minha garganta estava seca, era como se eu esperasse o pior daquela conversa.Quando ela se aproximou de mim, não pude decifrar o olhar dela, parecia que ela havia aprendido a não demonstrar o que ela realmente estava sentindo.— Eu tive medo que não viesse.— Eu pensei em não vir.— Porque marcou aqui?— Eu costumo vir aqui quando quero pensar, o lugar é calmo, bonito e rodeado pela natureza, totalmente o oposto do que acontece dentro de mim a meses.Ela falou com o olhar fixo nos meus.— O lugar é lindo, mas gostaria de conversar com você em um lugar mais reservado.— Que lugar seria esse?— No h
ANA..Quando coloquei os meus pés em solo espanhol, eu parei e pensei: Esse lugar tem a minha cara.Mas era só uma forma de eu convencer a mim mesma que eu estava feliz, afinal eu precisava acreditar nisso.Quando saí da Itália, tentei me apegar ao fato de que aquela decisão estava inteiramente ligada a realidade de ter sido trocada por outra mulher, e que o amor que o Kall sentia por mim era apenas fruto da minha imaginação, foi exatamente isso que me manteve em pé por longos meses.Mas o Kall não tornou esse período nada fácil pra mim, por alguma razão o meu pai não trocou o número do meu celular, e ele sempre mudava de assunto nas vezes que questionei o motivo, mas no fundo eu sabia que era só mais uma forma de fazer eu me entender com o Kall.Meu pai gostava dele, ele idealizou um relacionamento entre a gente, e embora ele dissesse que estava do meu lado, eu sabia realmente o que ele queria, ele não sabia mentir pra mim.O meu celular já acumulava centenas de mensagens do Kall,
KALL..Cinco meses se passaram desde a última vez que eu vi a Ana, os dias foram difíceis e sombrios, e não houve nenhum dia que eu não pensasse nela.Antes do depoimento, o Lion e o Valente foram buscar a Alice e a Sam, e o Valente prometeu que entregaria o celular pra Ana, eles saíram, e uma hora depois eu liguei pro número dela na esperança de marcar de conversar com ela após o depoimento, mas ela não atendeu.Quando cheguei no local do depoimento, eles já estavam indo embora.A Aysha estava comigo, pois ela também precisava depor e me ligou pra que eu fosse buscá-la no hotel, eu fui, mas nada aconteceu entre eu e ela, nem mesmo uma conversa, e embora ela tenha tentado conversar comigo o caminho inteiro, eu me mantive calado pensando no que eu falaria pra Ana.Quando a Ana me viu com a Aysha, o semblante dela endurecido deixou claro que não haveria nenhum acordo ou entendimento entre nós, e a última frase que eu disse pra ela era que eu não iria desistir dela.A Ana foi embora le
Último capítulo