Sarah e Rachel Mitchell são irmãs gêmeas enfrentando o abalo emocional de descobrir que seu pai dilapidou toda a sua herança antes de falecer. No entanto, desconhecem que há alguém por trás de todos os problemas que estão enfrentando. Kael Graham é um homem frio e insensível movido pela busca implacável por vingança. Ele está determinado a destruir a vida de Rachel Mitchell e fará qualquer coisa para alcançar seu objetivo. Para isso, Kael atrai Rachel para uma perigosa armadilha, mas, ironicamente, quem sofre as consequências é a irmã de Rachel, Sarah. Agora, quem sairá vitorioso nesse jogo de vingança e prazer? Uma única noite de intensos desejos alterará a trajetória de todos eles, revelando que o amor é apenas uma peça desse grande jogo.
Ler maisSarah
Fiquei atônita diante da cena que se desenrolava na imponente sala de reuniões da empresa Mitchell & Associados. Era inacreditável, quase surreal, encarar a dura realidade de nossa iminente falência. Como isso tinha sido possível? Um turbilhão de angústia e desespero se formava em meu interior, mas eu lutava para manter uma expressão impassível, uma habilidade que havia cultivado desde a infância. No entanto, minha irmã gêmea não compartilhava do mesmo autocontrole.
Ela repetiu a pergunta com veemência ao advogado que havia sido o representante de nosso pai por décadas. Sua voz ecoou pela sala, ecoando a incredulidade que nos dominava, enquanto sua expressão se contorcia em uma mistura de raiva e desespero. A resposta que recebemos, no entanto, foi tão monótona quanto desoladora, ecoando como um martelo implacável em nossos corações já fraturados.
— Como mencionei há apenas alguns minutos, durante a leitura do testamento, seu pai deixou para trás dívidas avaliadas em milhões de dólares, e seus ativos serão liquidados para honrar essas obrigações financeiras.
A explosão que se seguiu foi monumental. Rachel perdeu completamente o controle de suas emoções, sua voz rasgando o ar como um trovão ensurdecedor.
— Isso é impossível! — ela gritou, sua voz ecoando pela sala, carregada de indignação e incredulidade. — Nós éramos milionários! Nossa fortuna foi construída por gerações. Meu pai jamais poderia ter acumulado dívidas tão colossais como vocês estão afirmando. Como ele pôde simplesmente dilapidar toda a nossa riqueza?
A expressão de incredulidade no rosto de Rachel mostrava sua profunda angústia diante da notícia devastadora. Eu segurei sua mão, buscando transmitir algum conforto em meio à turbulência emocional que nos envolvia. O advogado olhou para nós com uma expressão séria e compreensiva antes de responder.
— Infelizmente, seu pai enfrentou uma série de desafios financeiros nos últimos anos. As dívidas foram se acumulando gradualmente, e ele pode não ter compartilhado plenamente essa situação com vocês.
Rachel enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto e tentou recuperar a compostura.
— Mas como isso pôde acontecer sem que nós percebêssemos?
O advogado suspirou antes de responder com cautela.
— Seu pai pode ter feito escolhas arriscadas para tentar recuperar a estabilidade financeira da empresa. Infelizmente, essas decisões não se mostraram bem-sucedidas, e a dívida continuou a crescer.
Era difícil aceitar que nosso pai, a quem sempre admiramos, pudesse ter tomado decisões tão desastrosas.
— O que acontecerá agora? — perguntei ao advogado, minha voz vacilante.
— Neste momento, a empresa Mitchell & Associados será liquidada para pagar as dívidas existentes. Os ativos serão vendidos e os valores obtidos serão utilizados para quitar os débitos. Após esse processo, restará analisar a situação pessoal de vocês e avaliar as melhores opções para seguir em frente.
A sensação de desamparo e incerteza se intensificou. Apesar de ser uma pessoa que sempre evitava chamar atenção para si, aquela informação ultrapassou os limites do que eu poderia suportar em silêncio. Uma onda de indignação e angústia cresceu dentro de mim.
— Eu me recuso a acreditar! — Rachel gritou. — Eu... não... posso acreditar!
O advogado respondeu com desprezo: "A senhorita é livre para contratar outro advogado para se informar sobre o assunto."
A raiva tomou conta de Rachell, era evidente para todos. E eu a entendia perfeitamente, pois se o que o Sr. Gonçalves estava dizendo fosse verdade, e tudo indicava que sim, com que dinheiro poderíamos pagar por outro advogado?
— Eu me recuso a ser parte deste espetáculo grotesco que vocês criaram — Rachel declarou com orgulho — Estou saindo agora e, em breve, todos vocês terão notícias minhas.
Ela saiu da sala, caminhando com altivez, rebolando os quadris sobre seus altos saltos, que já eram sua marca registrada. Ao chegar à porta, ela olhou para trás, esperando que eu a seguisse, como sempre fizemos desde que nascemos.
— Vamos embora agora mesmo, Sarah! — ordenou com seu tom imperativo.
Diferentemente de sua irmã, cheia de vontades e sempre tendo seus desejos atendidos, eu era apenas uma sombra pálida, seguindo obedientemente as ordens dos outros. Detestava conflitos e sempre optava pelo caminho mais fácil.
Então, eu me levantei num pulo da cadeira em que fiquei sentada por mais de duas horas, ouvindo a leitura do testamento do nosso pai e caindo a ficha de como nossa vida acabava de tomar um rumo desastroso. Fui direto até onde minha irmã estava e saímos da sala de reuniões da empresa da família, cada uma seguindo do seu jeito.
Enquanto a Rachel estava toda arrumada com uma roupa de grife que custava uma fortuna, colada no corpo dela e destacando todas as curvas que ela tinha, eu estava de jeans barato, além do moletom e tênis.
— Isso não vai sair barato! — A Rachel repetia isso sem parar.
Desde o momento em que entramos no elevador do prédio gigante de trinta e cinco andares, Rachel não parava de resmungar e soltar uns palavrões de fazer inveja a qualquer trabalhador braçal. O caminho todo foi um festival de reclamações.
Quando Rachel estacionou o conversível na frente da mansão onde a gente morava desde sempre, a pose toda cheia de si dela foi pro espaço e ela desabou num choro desesperado. Entre soluços, ela me perguntava como o nosso pai pôde ser tão egoísta, se atolando em dívidas e acabando com a fortuna que era nossa por direito. Como se eu pudesse ter uma resposta melhor do que a do advogado pra dar a ela.
— Como a gente... pode... estar... na pobreza?
— Também não sei, Rachel. Não faço ideia — foi tudo o que consegui responder, impotente diante daquela desgraça toda.
Nos abraçamos, ainda dentro do carro, e minha mente começou a girar sobre o que faríamos a partir dali. Sem qualquer experiência, sem outros familiares além de nós mesmas, sem um lugar para chamar de lar e sem um tostão no bolso. Era um cenário desolador.
Um ano depoisEnricoPisei ainda mais firme o pé no acelerador e ultrapassei o meu maior rival alguns segundos antes da bandeirada decisiva, conquistando assim o primeiro lugar no pódio e garantindo o meu quarto título na Fórmula Um. Mesmo à distância, eu sabia que a minha família estava toda vibrando por mim e o sorriso em meu rosto só não foi maior por falta de espaço. Vencer era bem melhor agora que eu me sentia ansioso por dividir a conquista com as pessoas que tanto amo.Apenas alguns minutos depois eu estava andando apressadamente em direção a área do paddock, recebendo o abraço mais importante de todos e que conseguiu encher o meu peito de uma felicidade indescritível. Era o abraço da minha esposa, mãe dos meus filhos.— Parabéns, meu amor! — Rachel disse em meu ouvido, firmemente abraçada a mim — Estou muito feliz por você.Antes de dizer qualquer coisa, eu a beijei ali mesmo, diante de todos. Era impossível resistir aos encantos daquela mulher, especialmente agora que somos
SarahOlhei ao redor, o nervosismo me deixando tensa, chegando até a tremer. A ficha ainda não havia caído completamente; eu estava prestes a entrar na igreja para finalmente me casar com Kael, o homem que amo e que também me ama, como deixou claro de todas as formas possíveis. A emoção era avassaladora, e eu não tinha certeza se conseguiria suportar tanta felicidade.— A cerimonialista deu o sinal para entrarmos — anunciou Ryan apressadamente. Sua ansiedade estava evidente, quase como se ele fosse o noivo, o que me fez sorrir diante de sua necessidade divertida em nos apressar. Rachel verbalizou meus pensamentos.— Claro que estou nervoso! — concordou Ryan com um sorriso. — Não é todo dia que casamos duas irmãs. E duas irmãs gêmeas, então, nem se fala!— O rapaz tem razão — concordou Joseph. — Eu mesmo me sinto bastante apavorado com a responsabilidade de levar minha nora até o altar.Todos sorrimos com a forma descontraída com que os homens estavam encarando a situação. No entanto,
EnricoEu ainda experimentava tremores, e meu coração parecia prestes a saltar para fora do peito devido à tensão gerada pela expectativa das palavras do médico sobre o bebê de Rachel. Corrigi-me mentalmente para chamá-lo de "nosso bebê". Foi minha relutância em aceitar plenamente a situação de Rachel que nos conduziu àquela sala de hospital, com a angustiante possibilidade de algo terrível ter ocorrido.— Estou com medo — confessou Rachel em voz baixa. Ela estava deitada em uma maca, enquanto o médico aplicava gel em sua barriga para realizar um ultrassom que revelaria a situação precisa de nosso bebê. Aquilo era o suficiente para me encher de pavor e culpa, especialmente pela minha insistência anterior.— Temos que ter fé, meu amor — disse eu, tentando transmitir uma força que eu mesmo não sentia. — Nada de ruim aconteceu.Logo o médico começou a explicar: — Como mencionei anteriormente, pequenos sangramentos podem ocorrer durante a gravidez, especialmente em situações de conflito
RachelEu consideraria a revelação feita por Joseph como previsível, mas aparentemente eu era a única que pensava assim, já que todos estavam claramente chocados com o fato dele ter feito um exame de DNA. Mas afinal, qual o problema com isso? Sinceramente, eu não entendi, pelo menos não naquele momento.— Agora que já esclareci as suas dúvidas sobre a paternidade do seu filho — Joseph disse com cinismo, dirigindo-se a Dorothy — Quero que vá embora da minha casa e não volte mais. Vou proibir sua entrada e espero que você não tenha que ouvir dos seguranças que você não é bem-vinda aqui.— Esta casa é tão sua quanto do Enrico — Dorothy insistiu — Tenho certeza de que ele não vai aceitar que me mande embora dessa forma.Não precisei pensar muito para entender o motivo pelo qual Dorothy chegou a essa conclusão, já que apenas alguns minutos atrás Enrico tinha concordado em reatar os laços com aquela mulher horrível. Decidi então sair daquela sala, pois não concordava nem um pouco com essa a
EnricoDo que entendi ao ouvir no corredor, Rachel estava “pedindo” a alguém para ir embora. Seu tom de voz era rude e nada delicado. Reconheci a voz como sendo de Dorothy, minha mãe que havia desaparecido e agora reaparecido desejando uma aproximação indesejada.Não estava com vontade de falar com minha mãe e não sentia nenhum afeto por ela. Ela era apenas minha genitora e nada além disso. Mas, diante do seu tom suplicante, decidi ouvir o que tinha a dizer.— Tudo bem, então — concordei com o pedido de Dorothy, mesmo que totalmente contra a minha vontade.Confesso que fiquei curioso sobre o assunto importante que ela queria tratar comigo, com o pressentimento de que não se tratava apenas de eu ser ou não seu filho. Algo me dizia que seu retorno e insistência em se aproximar de mim não eram motivados por sentimentos.— Vou subir então — disse Rachel, prestes a sair da sala virando as costas para mim.Interrompi sua tentativa de seguir em frente ao envolver meus braços em seus ombros e
RachelQue dia mais movimentado! Além de toda a confusão envolvendo Thompson e as intrincadas revelações do passado que continuavam a surgir em nossas vidas, agora havia mais esse elemento, também classificado como parte do "passado". No entanto, desta vez, tratava-se do passado de Enrico, não o da minha família.Tinha acabado de atender o telefone da casa, onde um dos porteiros informou que Dorothy, a mãe de Enrico e ex-esposa de Joseph, desejava falar com o filho. Num impulso insano, ao invés de checar com ele se estava disposto a recebê-la, simplesmente pedi que permitissem sua entrada, afirmando que eu a receberia na sala de estar.Ao encerrar a chamada, olhei para a porta fechada do banheiro, sentindo-me insegura sobre o que fazer a seguir. Sendo muito honesta, eu nem mesmo sabia ao certo se havia tomado a atitude correta, afinal, Enrico e eu realmente não conversamos mais sobre aquele assunto delicado.Na verdade, nosso tempo juntos tinha sido tão breve até agora, especialmente
Último capítulo