Kate é uma mulher confiante, sensual e cheia de carisma, que não passa despercebida por onde quer que vá. Trabalhando como chefe de marketing de um famoso sex shop, ela domina a arte da sedução nas campanhas que cria, mas guarda um segredo que ninguém imagina: aos 32 anos, ela ainda é virgem. Fora dos padrões de beleza convencionais, Kate é uma mulher gorda que aprendeu a lidar com os olhares desprezo de algumas pessoas que recebe. E dentro de si, ela carrega a insegurança de que nenhum homem a desejaria para algo além de uma noite passageira. Por isso, decidiu que sua primeira vez seria algo especial, com alguém que enxergasse nela muito mais do que apenas uma aparência sensual e uma falsa autoconfiança. Quando Ricardo, seu chefe charmoso e misterioso, começa a demonstrar um interesse que vai além do profissional, Kate se vê dividida entre o desejo de se entregar e o medo de expor sua vulnerabilidade. Em meio a campanhas provocantes e noites cheias de tensão, ela precisará enfrentar seus próprios fantasmas para descobrir se está pronta para viver sua história de amor, e desejo, sem medo de ser quem realmente é.
Leer másKate Ferreira
A sala de reuniões estava cheia, e eu estava no centro dela, comandando os olhares e atenções. Meu notebook estava conectado ao projetor, exibindo os slides da nova campanha publicitária que eu havia preparado para o lançamento da nossa linha de lingeries. As peças eram sensuais, ousadas, mas com um toque de elegância que prometia agradar mulheres de todos os corpos. — Como podem ver — comecei, apontando para a tela onde a imagem de uma modelo exibia uma das peças principais da coleção —, a proposta da campanha é reforçar a ideia de que a sensualidade não está em um padrão único, mas na confiança que cada mulher tem ao vestir nossas lingeries. Olhei ao redor da sala, observando as reações. A equipe parecia envolvida com a ideia, mas meus olhos, inevitavelmente, foram parar em Ricardo, meu chefe. Ele estava sentado na ponta da mesa, o corpo levemente inclinado para frente, com os olhos fixos em mim. A expressão séria e concentrada fazia meu coração acelerar mais do que deveria. Ricardo tinha uma presença marcante. Era o tipo de homem que chamava atenção sem esforço algum. Alto, cabelos levemente bagunçados, um terno impecavelmente ajustado ao corpo atlético e aquele olhar penetrante que fazia qualquer um perder a linha de raciocínio. Eu era boa no que fazia, mas não estava imune à sua presença. No fundo, eu sabia que ele nunca olharia para mim além do profissional. Afinal, homens como Ricardo não se interessavam por mulheres fora dos padrões, como eu. Respirei fundo e continuei. — Além disso, vamos usar a campanha para fortalecer nossa comunicação digital, com postagens que representem diferentes tipos de corpos. Isso nos aproxima do público e reforça a ideia de inclusão. — Excelente ideia, Kate. — disse Juliana, uma das designers gráficas, sentada à minha direita. Ela era sempre a primeira a apoiar minhas propostas, mas o que veio a seguir pegou-me completamente de surpresa. — Sabe o que seria ainda mais incrível? Se você fosse uma das modelos. Um silêncio tomou conta da sala por um breve momento. — O quê? — perguntei, sentindo meu rosto esquentar. — Pense bem, Kate. Você tem tudo a ver com o conceito da campanha. Sempre fala sobre confiança e diversidade, e, sinceramente, você é o exemplo perfeito disso. Olha só para você hoje! — Juliana gesticulou na minha direção, e todos os olhos da sala se voltaram para mim. — Esse salto vermelho, a calça pantalona que realça suas curvas, e essa blusa com um leve decote... Você é a definição de sensualidade sem esforço. Eu quis me enfiar debaixo da mesa. Apesar de todo o discurso sobre confiança que eu defendia, ser colocada naquele tipo de holofote me deixava desconfortável. — Eu não sei se seria a melhor escolha... — tentei argumentar, mas outros colegas começaram a concordar com Juliana. — É verdade, Kate. Você representa exatamente o que queremos passar com essa campanha. — disse Lucas, um dos fotógrafos da equipe. — Concordo — acrescentou Mariana, a coordenadora de criação. — Acho que seria uma ideia poderosa. Olhei para Ricardo, buscando alguma ajuda. Ele ainda mantinha aquele olhar fixo em mim, mas, dessa vez, parecia intrigado, talvez até interessado. — O que você acha disso, Ricardo? — perguntei, esperando que ele encerrasse o assunto. Ele cruzou os braços, analisando a situação por um instante antes de responder. — Acho uma excelente ideia. Você é uma profissional exemplar, Kate, e acredito que isso pode trazer um impacto ainda maior para a campanha. Além disso, quero acompanhar de perto o ensaio fotográfico. Senti um frio na espinha ao ouvir aquelas palavras. A presença de Ricardo no dia do ensaio tornava tudo ainda mais intimidador. Sem saída, forcei um sorriso e assenti. — Tudo bem, então. Se todos acham que é uma boa ideia, eu aceito. A reunião prosseguiu com a discussão dos detalhes da campanha, mas eu mal conseguia me concentrar. Por dentro, minha mente estava em um turbilhão. Eu me sentia exposta, vulnerável. Apesar de toda a fachada de autoconfiança que eu apresentava, ainda era difícil aceitar meu corpo como ele era. Sempre achei que os homens só me viam como uma fantasia passageira, nunca como alguém para amar de verdade. Quando a reunião terminou, fui a última a sair da sala, organizando meus papéis e tentando colocar meus pensamentos em ordem. Ricardo se levantou e caminhou até mim. — Kate. Levantei os olhos para ele, e meu coração deu um salto. — Sim? — Gostei da sua apresentação. E, sobre a ideia de você ser uma das modelos, acho que foi uma sugestão muito inteligente. Você representa exatamente o que estamos tentando transmitir. Seus olhos estavam fixos nos meus, e por um momento, esqueci como falar. Apenas consegui balançar a cabeça em concordância. — Tenho certeza de que será um sucesso. — Ele deu um pequeno sorriso antes de sair da sala, me deixando sozinha com minha confusão. Enquanto caminhava de volta para minha mesa, minha mente estava a mil. Eu sabia que aquele ensaio seria um grande desafio, não apenas profissionalmente, mas pessoalmente. Eu teria que confrontar minhas inseguranças e, acima de tudo, enfrentar o homem que mexia comigo de um jeito que ninguém jamais havia conseguido. No fundo, porém, havia uma pequena parte de mim que estava empolgada. Talvez, só talvez, aquela fosse a oportunidade de me enxergar de um jeito diferente – e quem sabe, de fazer Ricardo me enxergar além da profissional impecável que eu sempre me esforcei para ser. O restante do dia passou como um borrão. Entre reuniões, ligações e ajustes nos detalhes da campanha, minha mente continuava presa ao que havia acontecido mais cedo. A proposta de eu ser uma das modelos ainda ecoava na minha cabeça, me deixando inquieta. A ideia de me expor daquela forma era assustadora, mas havia algo ainda mais perturbador: o jeito como Ricardo havia me olhado. Não era apenas profissionalismo ou aprovação pela ideia. Havia algo mais ali, algo que fez minha pele arrepiar e minha respiração acelerar. Quando finalmente consegui um momento de silêncio em minha sala, sentei na cadeira e encostei a cabeça no encosto, tentando organizar meus pensamentos. Eu precisava focar no trabalho, mas era impossível ignorar o turbilhão de emoções que crescia dentro de mim. Um som leve na porta chamou minha atenção, e levantei os olhos. Era Clara, uma das estagiárias da equipe de marketing. Ela entrou com um sorriso no rosto, carregando duas sacolas idênticas. — Oi, Kate! Trouxe uma coisa para você. — disse ela, colocando uma das sacolas sobre minha mesa. — O que é isso? — perguntei, curiosa. Clara segurou a outra sacola, balançando-a levemente. — Chegaram alguns produtos novos e a equipe de jornalismo quer que a gente escreva um texto sobre a experiência de usá-los. Eles pediram a opinião de algumas mulheres importantes da empresa, e você foi uma das escolhidas. Fitei a sacola sobre a mesa com as sobrancelhas arqueadas. — Produtos novos? Que tipo de produtos? Clara riu, percebendo meu tom desconfiado. — Melhor você mesma olhar. Eu vou para a minha sala, mas qualquer dúvida, estamos aqui. — Clara, espera. Quem teve essa ideia? — insisti, ainda tentando processar a situação. — A equipe de jornalismo. Eles disseram que seria interessante ter a perspectiva de mulheres influentes aqui da empresa, já que queremos conectar nossos produtos à experiência real das consumidoras. Não se preocupe, Kate, eu sei que você vai arrasar. Antes que eu pudesse protestar, Clara saiu da sala, deixando-me sozinha com a sacola. Suspirei profundamente e puxei a sacola para perto, abrindo-a com cuidado. Meus olhos se arregalaram ao ver o conteúdo. Havia vibradores de diferentes tamanhos e formatos, frascos de lubrificantes, géis comestíveis e até algumas amostras de óleos vibratórios. Peguei um dos vibradores e o examinei, tentando processar o que estava acontecendo. — Dessa vez, o pessoal do jornalismo foi longe demais. — murmurei para mim mesma. Eu sabia que a ideia era ousada e fazia sentido dentro do contexto da empresa, mas a situação ainda me deixava desconfortável. Eu tinha criado uma carreira sólida na área de marketing, lidando com campanhas provocantes e criativas, mas nunca tinha pensado que seria colocada nessa posição. Apesar da surpresa, eu sabia que precisava cumprir a tarefa. Afinal, não era apenas sobre mim. Era sobre mostrar que nossos produtos realmente podiam transformar a experiência das mulheres, promovendo autoconfiança e prazer.Queridos(as) e amados(as) leitores(as),Escrever essas palavras de agradecimento é um momento de profunda emoção para mim. Compartilhar essa história com vocês foi uma das experiências mais intensas e gratificantes da minha trajetória como escritora.Quando dei vida a Virgem em Chamas, eu queria contar uma história que fosse além do romance: uma história de superação, de amor verdadeiro, de descobertas e de recomeços. Kate, com sua força disfarçada por trás das inseguranças, e Ricardo, com suas cicatrizes escondidas sob a imagem do homem poderoso e sedutor, tomaram forma aos poucos, até se tornarem reais — e foi graças a vocês que eles encontraram um lar nos corações de tantos leitores.A cada capítulo escrito, a cada cena de tensão, paixão ou vulnerabilidade, eu pensava em quem estaria do outro lado da tela ou do papel, sentindo tudo isso comigo. Vocês foram meus parceiros de jornada. Cada mensagem, comentário, compartilhamento e palavra de apoio me deram forças para continuar — mesm
Kate FerreiraA brisa da manhã tocava meu rosto suavemente quando abri a porta da varanda do nosso quarto. O céu estava limpo, com tons claros de azul que se misturavam com o brilho suave do sol nascente. Do alto da casa, eu conseguia ver o quintal silencioso ainda coberto de orvalho… e um pouco mais adiante, lá estava ele. O mar. Calmo, vasto e tão presente quanto a paz que hoje habita em mim.Apoiei meus braços no parapeito da varanda e respirei fundo. Às vezes, ainda parecia um sonho. Ter chegado até aqui. Ter construído essa vida.Senti braços fortes me envolverem por trás e, de imediato, me entreguei àquele abraço. Ricardo beijou meu ombro nu, e eu sorri.— Amor… não esquece que temos que buscar Erick e Júlia no aeroporto hoje — falei, inclinando um pouco a cabeça para olhá-lo de canto.Ele riu, a voz ainda rouca de sono.— Eu sei… já estava me preparando psicologicamente para a bagunça que vai ser essa casa com eles aqui.— Bagunça? — brinquei. — Eles vêm justamente para ajudar
Ricardo SantanaO mês passou voando. E, sinceramente? Eu agradecia por isso. O desfile da Vogue finalmente tinha acontecido, depois de semanas que pareceram uma eternidade. Tanta correria, tensão e desgaste para um evento que, no final, passou como um sopro. Tudo aquilo que parecia gigantesco e insuportável, agora era só mais uma lembrança distante.A empresa, por fim, respirava novamente. Sem Eliana, sem a Vogue e suas exigências absurdas, estávamos de volta ao nosso ritmo habitual. As oportunidades não paravam de aparecer, mas, pela primeira vez em muito tempo, meu foco não estava no dinheiro. Estava na saúde mental de todos nós. A equipe merecia paz. E eu também.Mas fui arrancado dos meus pensamentos quando o nome do voo de Erick ecoou pelo aeroporto.Ele estava voltando para a Espanha. Mais uma etapa da sua vida o chamava, e lá ia meu irmão de volta para suas aventuras. Só que, desta vez, ele não estava deixando apenas a família para trás. Tinha também alguém novo se despedindo d
Kate FerreiraFicamos horas na praia, aproveitando cada segundo daquele momento mágico. Só percebemos que já era madrugada quando o relógio marcou meia-noite. Juntamos tudo com cuidado, colocamos no carro e voltamos para a casa dos meus pais, embalados por um silêncio confortável e cheio de promessas.Assim que chegamos, ainda na varanda, avistamos Erick e Júlia sentados lado a lado, conversando baixinho, completamente imersos na conversa. Troquei um olhar divertido com Ricardo, que sorriu de volta, como se também tivesse notado o clima entre os dois.— O que vocês estão fazendo acordados a essa hora? — perguntei, me aproximando com curiosidade.— Erick estava me contando sobre o intercâmbio dele — respondeu Júlia, os olhos brilhando. — Eu nunca tinha pensado nisso antes, mas ele me fez ficar com uma vontade enorme de tentar também.Ela falava com empolgação, mas havia uma pontinha de insegurança em sua voz. Como se o sonho fosse grande demais pra ela.— Se você quiser mesmo, a gente
Kate FerreiraO dia na praia com Júlia havia sido leve, quase terapêutico. Rimos, corremos na areia, deixamos o vento bagunçar nossos cabelos e as preocupações pra depois. Por algumas horas, tudo pareceu simples de novo.Mas tudo voltou com força quando virei a esquina da nossa rua e vi o carro dele.Meu coração parou. Não diminuiu o ritmo. Parou.— O que ele está fazendo aqui? — murmurei, como se a resposta estivesse no vento.Júlia, que estava ao meu lado, acompanhou meu olhar e franziu o cenho, tão surpresa quanto eu.Estacionei apressada, meu corpo inteiro já tenso. Assim que descemos do carro, fui direto, determinada a arrancá-lo dali. Mas tudo desmoronou quando o vi.Ricardo.De costas, ao lado de Erick. Meu peito se apertou, como se cada batida quisesse explodir de dor e saudade. Meus passos se firmaram no chão, mas meu coração... ele cambaleava.— O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando parecer forte, mas minha voz saiu mais baixa do que eu gostaria.Ele se virou.
Ricardo Santana O peso que carregava nos ombros parecia ter se dissipado no instante em que vi Eliana sendo levada pela polícia. Aquela imagem era a representatividade perfeita do fim de um pesadelo que durou tempo demais. Pela primeira vez em semanas, eu conseguia respirar sem sentir um nó no peito. Conseguia pensar em Kate sem sentir dor. Finalmente, havia chegado o momento de recuperar o que o destino, ou melhor, Eliana havia tentado destruir.Saí da delegacia com duas coisas de valor inestimável: uma cópia das gravações que comprovavam a confissão de Eliana e a cópia do laudo oficial de Rodrigo, atestando a substância encontrada no vinho. Era mais do que suficiente para provar minha inocência. E, mais importante ainda, era a chave que me permitiria reconquistar a mulher da minha vida.Peguei o celular e disquei para Clara. A ansiedade batia como um tambor no meu peito.— E aí? Conseguiu fazer ela confessar? — foi a primeira coisa que ouvi quando ela atendeu.Sorri antes mesmo de
Último capítulo