Desejo de Vingança

Kael Graham

Após anos de planejamento, finalmente colocaria em prática meu desejo de vingança contra Rachel Mitchell, a responsável pelo sofrimento da minha mãe. Eu a odiava, uma garota egoísta que sempre teve seu pai, Patrick, atendendo a todos os seus caprichos, não importando o impacto que causasse em outras pessoas. Rachel se tornou uma pessoa fútil e mesquinha por causa disso. 

Agora era a hora dela aprender uma lição merecida. Nada poderia me dissuadir do meu desejo de vingança, alimentado ao longo dos anos desde que Patrick abandonou minha mãe. Ele pagou por ceder aos caprichos da filha egoísta. Era hora de Rachel aprender que, às vezes, é necessário renunciar aos nossos próprios desejos em prol da felicidade dos outros.

— Vai deixá-la esperando por quanto tempo? — Meu assistente perguntou, sem se importar em enfrentar a minha fúria. 

— O tempo que eu considerar necessário. — Falei de modo rude. 

— Por que você não faz logo o que deseja e termina com isso de uma vez? — Ryan insistiu. 

— Não estou lhe pedindo conselhos e tampouco pretendo ouvir o que tem a dizer. — Revidei. — Farei da forma que eu desejar. 

Ryan foi ao bar e serviu mais uma dose de conhaque, a terceira. Eu sabia que ele estava desconfortável com a situação que eu mesmo havia criado para dar uma lição em Rachel, a garota mimada. Apesar de discordar completamente disso, valorizava nossa amizade. Mesmo contrariado, insisti para que ele me acompanhasse no passeio de iate.

— Não te pago para tomar toda a minha melhor bebida. 

— Também não sou pago para ser cúmplice em um crime, no entanto, aqui estou. 

Ryan não se intimidava comigo e sempre falava o que queria. Foi por essa razão que o promovi de estagiário para meu assistente pessoal na minha empresa de telecomunicações, a Anglo-X. Era um cargo de extrema confiança, mas que exigia muito da pessoa que o ocupava.

— Não sei de onde você tirou essa ideia de crime. Tudo está sendo feito com o consenso da garota. — Disse fazendo um gesto de pouco caso. — Ela está aqui por que assim o desejou. 

— Ela está aqui porque se sentia desesperada ao ponto de aceitar entregar a virgindade dela em troca de dinheiro. 

— Isso só mostra o quanto ela é interesseira. Mais uma qualidade da minha querida Rachel... — Falei com escárnio. 

Estamos agora no convés principal do meu iate, o Antonela, após eu ter orientado uma camareira a levar Rachel para o convés inferior, onde havia uma mesa romântica preparada. Era uma armadilha para enganar aquela garota fútil, criando falsas esperanças, mas não havia romance planejado para aquela noite.

Eu não tinha pressa em executar meu plano. Enquanto conversava com meu assistente rebelde, confortavelmente sentado em um sofá luxuoso, ao som de música ambiente e saboreando um bom uísque, Rachel estava lá fora, provavelmente pensando e temendo o que estava por vir.

Pensei melhor, ela era interesseira e talvez estivesse apenas preocupada com o dinheiro que receberia. No entanto, ela já não tinha mais nada para entregar, pois eu também me assegurei disso.

— ​Ela não sabe que caiu numa armadilha criada por você, desde a perda de tudo o que ela tinha, até a invenção desse aplicativo de leilões fajuto que você mandou criar, tudo isso apenas com o intuito de a ter a sua inteira disposição, para você a humilhar. 

— Não entendo como posso ser culpado por Patrick ser viciado em jogos de azar e, ainda pior, um perdedor nato, que não sabia a hora de parar. — Apesar de estar me justificando, eu estava sorrindo por contar com a sorte em todos os passos da minha vingança. 

— Você se aproveitou da confiança que depositava em você, Kael. Deixou que ele se afundasse em dívidas e depois comprou a empresa dele, prometendo coisas as quais não pretendia cumprir. Ou melhor, não as cumpriu. 

Eu sabia que Ryan falava a verdade e não sentia nenhum remorso ou culpa, como ele esperava. Tudo se alinhava para que eu pudesse vingar minha mãe, e eu estava disposto a ir até o fim para isso.

Não teria compaixão por Rachel. Ela teria que se humilhar diante de mim, assim como minha mãe havia feito para que Patrick não a abandonasse, apenas porque a filha não aceitava que ele tivesse outra mulher além de sua mãe, que já havia falecido.

Rachel não sabia que Patrick e sua mãe não eram um casal há muito tempo e apenas mantinham as aparências por causa das filhas. Patrick tinha um caso com minha mãe há anos, desde minha adolescência.

Quando a esposa faleceu, minha mãe esperava que eles finalmente pudessem ficar juntos, publicamente, e serem felizes. No entanto, Rachel descobriu sobre o relacionamento e ameaçou tirar a própria vida, chantageando Patrick. Ele pediu a minha mãe para esperar, prometendo assumir o relacionamento quando fosse o momento certo.

Após um ano, minha mãe, cansada de ser a amante, deu um ultimato. Patrick escolheu seguir os desejos de Rachel e deixou minha mãe, mesmo depois de tanto tempo juntos em segredo.

Minha mãe ficou profundamente triste com a separação e afundou em uma depressão, precisando ser internada em uma clínica. Eu a visitava regularmente, mas sua saúde deteriorou ainda mais com a morte de Patrick. Tudo isso tinha apenas uma culpada: Rachel! Ela iria sofrer tanto quanto minha mãe sofria desde que perdeu seu grande amor.

— Você prometeu que cuidaria da Rachel e da Sarah, como se fossem suas irmãs! — Ryan continuou a insistir. 

Ele fazia aquele mesmo discurso há dias e, por nenhum segundo sequer, senti remorso pelo que estava fazendo. Eu só estava retribuindo o mal com o mal. Era simples. 

— Eu irei providenciar para que a Sarah tenha um emprego digno.  

Por mais que as duas irmãs fossem muito parecidas fisicamente, em personalidade eram completamente opostas e eu havia pesquisado bastante sobre as duas, tendo contratado até mesmo um investigador particular, apenas para ter certeza sobre todos os fatos e a verdade era que Sarah realmente era muito diferente da irmã gêmea. 

— Isso não é o suficiente. 

— A Sarah também cometeu alguns erros, ao se deixar influenciar pela Rachel. — Disse, tomando um longo gole do meu uísque. — Ela não pensou no futuro, se empenhando apenas em acompanhar a irmã em viagens e passeios.  

— Não julga que está sendo duro demais? 

— Estou. — Coloquei o copo vazio sobre a mesa de canto e caminhei até a escada que levava até um corredor e da lá, eu chegaria no convés inferior. — E não sinto nenhum remorso por isso. 

Não me incomodei em ouvir o que Ryan pretendia falar e continuei a passos duros, antecipando o prazer que eu sentiria ao estar frente a frente com a Rachel e como seria extraordinário fazer aquilo, estando em uma posição de superioridade e fazendo ela se sentir da pior forma possível. 

Era isso que eu faria agora e nada do que ela falasse ou até mesmo que fizesse, me comoveria. 

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