Sobrevivendo ao Abismo
Lívia
Faziam cinco dias desde que minha vida virou do avesso. Cinco dias trancada entre as quatro paredes do meu quarto, onde o tempo parecia ter perdido completamente o sentido. Às vezes o dia amanhecia e anoitecia sem que eu sequer levantasse da cama. O travesseiro era meu confidente, a coberta, meu escudo. Cecília fazia o que podia para me manter alimentada e hidratada, mas mesmo ela, tão intensa e presente, sabia que existia um limite que só eu poderia ultrapassar. O da reconstrução.
A traição ainda pulsava dentro de mim como uma ferida aberta. E não era apenas a imagem do corpo dele ao lado daquela mulher que me feria, mas o abandono. O fato de ele não ter vindo me procurar de verdade. O silêncio. As mensagens enviadas. A ausência de qualquer sinal de tentativa concreta de me mostrar que aquilo tudo era uma mentira.
Desde o início da crise, acionei meu RH e entrei de licença médica. Não tinha condições de aparecer no banco, de vestir meus saltos e enfr