O Veneno por Trás do Vinho
Bianca
Girava a taça de vinho como quem gira o próprio destino entre os dedos. O cristal parecia refletir mais que o rubi líquido: refletia a sua frustração, o seu passado. E à frente, refletia a cena que lhe corroía por dentro.
Na mesa do canto do salão, ele estava. Heitor Castellan. O homem que, por três anos, ela tentou esquecer. Ou talvez, tentou recuperar. A última chance da sua família de manter o sobrenome em colunas de prestígio, não em páginas de falência. Aquele relacionamento não era apenas amor – nunca foi. Era um acordo silencioso entre famílias: Castellan e Ferraz. Um alicerce financeiro. Uma aliança estratégica. Um casamento construído com cálculos, não sentimentos.
— Gente... — murmurou Clarice, quebrando o silêncio enquanto olhava na mesma direção. — É ele, né?
— É — respondeu Bianca, sem disfarçar o amargor na voz. — Ele mesmo. O homem que minha família apostou como nossa salvação.
— Apostou e perdeu — soltou Viviane, mordaz.
Bianca respiro