213. A Confissão de Henrique
O corredor do nono andar parecia mais estreito naquele fim de tarde. Isabela caminhava decidida, com a respiração contida e o coração pulsando com fúria controlada. A descoberta dos bônus pagos em silêncio, somada ao comportamento cada vez mais dúbio de alguns colegas, colocava uma sombra sobre tudo que vinha construindo.
Henrique Valverde estava em sua sala, como de costume, com as persianas semicerradas e o blazer impecável repousando sobre a cadeira. Era como se o caos que se alastrava nos bastidores não ousasse tocar a compostura dele.
Isabela bateu à porta com firmeza. Sem esperar resposta, entrou.
— Precisamos conversar — disse, fechando a porta atrás de si.
Henrique ergueu os olhos do notebook, forçando um sorriso calculado.
— Claro, Isabela. Sempre um prazer. Sente-se.
— Prefiro ficar de pé.
Ela jogou sobre a mesa um pequeno gravador digital desligado. Era simbólico, mas eficaz.
— Sei que você tem bons contatos no setor financeiro. E sei que algumas informações do con