A luz atravessava as cortinas pesadas do quarto de Miguel quando Melina abriu os olhos. Por um momento, ela se permitiu o engano: o cheiro dele, a textura dos lençóis, o calor do corpo ao lado. Mas a lembrança da noite anterior caiu sobre ela como um balde de ågua fria. Sentou-se na beira da cama, nua, abraçando os próprios joelhos.
Olhou para ele. Dormia como se nada tivesse acontecido, como se eles fossem um casal comum, de volta ao começo. Idiota. Ela mesma se xingou em silĂȘncio. Se deixou levar pela carĂȘncia, pela carĂcia, pela boca mentirosa dele.
Ela se levantou, pegou a calcinha e a camiseta que encontrou pelo chão, vestiu-se rapidamente. Abriu a bolsa e pegou os papéis do divórcio, que estavam amassados entre livros, recibos e maquiagens. Voltou para o quarto e os jogou com força sobre o peito dele.
â Acorda, Miguel.
Ele se remexeu, sonolento.
â Que...?
â Acorda. Ă sobre isso que vocĂȘ deveria estar sonhando. DivĂłrcio.
Miguel abriu os olhos devagar. Quando os viu, os papéis, e