Melina nĂŁo sabia o que era mais insuportĂĄvel: o silĂȘncio ou o pulsar inquieto do celular em sua bolsa. Deixou-o vibrando sem atender, sem olhar. Cada chamada, cada mensagem, parecia mais um peso em seus ombros jĂĄ cansados. Desde que deixara o apartamento de Miguel na noite anterior, o mundo parecia girar em um eixo de dor e incerteza.
O cafĂ© esfriava diante dela. A cafeteria quase vazia, com seus sons abafados de xĂcaras tilintando e conversas baixinhas, parecia um cenĂĄrio surreal para a tempestade que se formava dentro dela.
Respirou fundo e, finalmente, puxou o celular da bolsa. A tela iluminou seu rosto.
Mensagem de nĂșmero desconhecido:
"VocĂȘ realmente acha que sabe tudo? Pergunte a ele sobre a noite do acidente."
O sangue gelou em suas veias.
Acidente?
Que acidente?
O impulso de levantar e correr atĂ© Miguel era esmagador, mas ela se forçou a ficar sentada. Observou o cafĂ© espesso no fundo da xĂcara e sentiu a garganta secar. Precisava ser racional. Precisava ser fria.
Mas como ser