Donatello Puzzo sabia que as coisas estavam mudando. Boatos circulavam e ele precisava deixar seu legado, para isso, ele precisava se casar e ter um herdeiro legítimo, que manteria o nome da família Puzzo. Pensando que eliminaria dois problemas, ele propõe um casamento com a filha de George LeBlanc e coloca uma imposição que ele não poderia cumprir: a garota precisava ser virgem. Pensando que conseguiria enganar o homem mais poderoso da Itália, LeBlanc, manda sua sobrinha Flora Callegari no lugar da filha. Ele então descobre, que Flora era a chave para revelar um mistério do passado. A única sobrevivente de um atentado que matou a mãe de Donatello, anos atrás, quando ainda era uma criança. Flora é o caminho para a verdade. Donatello é quem se encarrega de protegê-la. Ambos terão que desvendar as mentiras do passado, enquanto lidam com as ameaças do presente, isso se ambos não estiverem conectados.
Ler maisDonatello Puzzo chamou em seu escritório Enzo Fuzzari, algo incomodava o sr. Puzzo há uns dias e após pensar ele teve uma idéia do que fazer, mas gostaria de ouvir a opinião de seu conselheiro.
— George LeBlanc pagou hoje o que me devia. — comentou calmamente, o conselheiro nada respondeu, esperando que seu chefe completasse o que dizia. — Não gosto disso, Enzo, se eu empresto um dinheiro, espero receber na data combinada. LeBlanc está rindo da minha cara há meses.— Podemos mandar um cobrador pressioná-lo no próximo pagamento, senhor. — Enzo respondeu, cruzando as pernas. — Mas soube que ele está perto de falir.— Não, LeBlanc não é confiável, quero acabar de vez os meus negócios com ele, mas um dos sócios é amigo dele e não iria gostar, isso sem mencionar Santini. Preciso de um motivo, Enzo, por isso quero que o procure e diga que se a filha dele for virgem, eu me caso com ela e em troca a dívida será quitada. Quero que garanta que ela terá uma vida de princesa, isso fará com que ela não recuse.— Não entendo, se o senhor quer encerrar seus negócios com ele, por que se casará com a filha dele? — Donatello o encarou e se reclinou na cadeira, não gostava quando seu conselheiro agia como se faltasse neurônios.— Ora Enzo, preciso explicar tudo? — repreendeu e o homem engoliu em seco. — A garota não é virgem, esse será o motivo para acabar com os negócios. E quanto ao casamento, já estou com 34, preciso de um herdeiro. A moça é bonita e sabe se comportar diante das outras família, apesar de ser um pouco… indecente, mas isso eu mesmo posso resolver.— Marcarei uma reunião com ele, Don, mas não acha que ele poderá desconfiar? Uma proposta assim parece muito generosa. — Fuzzari era um homem cauteloso, por isso Puzzo gostava dele.— Essa é a ideia. Obrigado Enzo. — apertaram as mãos e Enzo se levantou para sair, mas antes que alcançasse a porta, Donatello o chamou. — Diga que quero uma noite com ela antes do casamento, para me certificar de que o acordo será feito, marque para daqui duas semanas.Donatello não pensava em se casar, no mundo em que vivia, uma esposa era uma fraqueza, mas ele não deixaria o futuro do nome de sua família à mercê das decisões de outros. Ele moldaria seu filho para seguir seus passos, mas para o herdeiro ser aceito pelos seus associados, a criança teria de ser fruto de um relacionamento legítimo e não com uma mulher qualquer. A filha de LeBlanc não era a mulher ideal, mas ele não era tão exigente para fazer uma seleção e escolher a melhor. Contanto que lhe desse um herdeiro, qualquer uma serviria.Quando George LeBlanc chamou Flora e Amanda para uma conversa, Flora sabia que levaria culpa por algum erro que Amanda cometeu. Flora, a sobrinha adotada por seus tios, não se lembrava de um único dia em que foi bem tratada pela família, acreditava que era melhor ter sido mandada para um orfanato a ter que viver com os LeBlanc.Ambas as garotas se sentaram de frente para o homem e sua esposa, Amanda sabia que nada tinha com que se preocupar, pois seus pais sempre a protegeriam, mas Flora já pensava em todas as possibilidades de punição que receberia. A jovem aprendeu desde pequena que ficar quieta lhe evitava problemas e por isso, abaixou a cabeça pronta para aceitar a punição que lhe fosse imposta.— Donatello Puzzo quer que se casar com Amanda. — Flora levantou um pouco a cabeça se perguntando o que ela fazia ali. — Mas ele deseja fazer um "teste", antes de oficializar a união, acho que ele deseja saber se ela é virgem e por isso, Flora, você irá no lugar de Amanda.Ela olhou para o homem chocada, sabia que sua vida não tinha valor algum para aquela família, mas não esperava ser usada dessa maneira. Todos sabiam que Amanda não era virgem, com 18 anos ela já havia tido mais parceiros que muitas ao 30, mas a verdade é que eles não sabiam que Flora também não era virgem, de nada ela serviria.— Como tem certeza de que sou virgem? — arriscou perguntar, mas temia que revelar a verdade fosse pior.— Sabemos cada passo da sua vida, conhecemos todas as pessoas com quem fala, você nunca namorou e sequer é bonita o suficiente para isso. Santo Deus! Precisaremos de muita maquiagem para deixá-la o mínimo parecida com Amanda. — respondeu a tia, mas não era de fato verdade.Durante um evento numa mansão de um homem poderoso, Flora se afastou da família e chamou a atenção de um homem, a jovem comemorava 19 anos no mesmo dia e queria aproveitar os minutos de liberdade que teve com a família entretida demais para dar falta dela, Flora se entregou ao homem não sabia seu nome, mas jamais se esqueceria de seu rosto e tinha sonhos com aquela noite frequentemente.— É um preço pequeno a se pagar depois de tudo que fizemos por você, lhe demos comida, roupas, uma cama… por quase vinte anos! — completou o tio, mas ele não precisava se explicar, Flora não tinha escolha. — Estamos à beira da falência, Donatello podia pedir minha cabeça à qualquer momento, mas ele está sendo bem generoso com a proposta, precisamos desse casamento e para o casamento acontecer, precisamos de uma virgem.— Sim senhor. — murmurou, pensando que provavelmente depois da tal noite ele pediria a cabeça de todos, não só de seu tio.— Diga mais alto! — pediu a tia, se inclinando em sua direção.— Sim senhor. — repetiu mais alto.— Ótimo, agora volte aos seus afazeres. — as duas jovens se levantaram. — Você fica, Amanda.Flora saiu da sala e foi direto para o seu pequeno quarto, ali fechou a porta e caiu em prantos, estava cansada de ser fraca e se deixar ser pisada e humilhada, mas ela não sabia ser diferente, desde pequena sabia que desobedecer era pior. Ela não conhecia o amor, ou a bondade, apenas a dor e estava farta de tanto sofrimento. Por isso depois de chorar tudo que pôde, ela lavou o rosto e tomou uma decisão: aquela seria a última coisa que faria pelos LeBlanc, depois que voltasse, ela iria fugir. Não importava se passaria fome ou dormiria na rua, qualquer coisa era melhor que viver naquela casa.Ela então pegou uma sacola e separou tudo que iria levar, seus documentos, as melhores roupas, alguns ítens de higiene e o livro que pegou na biblioteca da cidade enquanto Amanda transava com alguém em algum lugar. Não tinha dinheiro, a única vez que tocou numa nota, foi quando sua amiga Clarice lhe pediu para comprar balas na escola; também não tinha para onde ir, a amizade com Clarice terminou juntamente com a escola. Depois que pegou tudo, escondeu a sacola num canto para que ninguém visse, mesmo que raramente seus tios iam até seu quarto. Ela deixaria a sacola ali até que tivesse um plano concreto.A garota saiu dali e foi até a cozinha ajudar Graça a preparar o jantar. Foi informada que seria um jantar especial, para comemorar o acordo que salvaria a família. Flora sabia que não participaria do jantar e por um breve momento pensou em envenenar toda a família no jantar, mas afastou o pensamento, não podia se igualar a eles, embora merecessem por todo mal que lhe fizeram.E para sua surpresa, George a chamou para se sentar à mesa.— Você é parte essencial para o sucesso desse acordo, Flora, merece um lugar à mesa. — disse ele levantando uma taça com champanhe em sua direção.— Eu é que ficarei com a parte difícil e se esse Donatello for velho? — perguntou Amanda com voz de desprezo, enrugando a testa. Logo foi repreendida pela mãe a não fazer aquela careta.— O importante é que ele é muito rico e influente. — George olhou para a filha. — Tenho certeza que pode aguentar um velho barrigudo por vários sapatos Prada.— Prefiro da Versace. — respondeu a garota com um sorriso ambicioso.— Com esse homem, terá o que quiser minha filha e nós também.Flora apenas observava a interação da família, sentia-se enojada e mal conseguia comer. Queria sair o mais rápido possível, mas teria que esperar até a noite com o tal homem, seria a melhor oportunidade de sair da mansão, planejava deixar suas coisas junto com o restante do lixo e quando estivesse do lado de fora, pegaria a sacola e correria o máximo que conseguisse. Isso, se quando ele percebesse que ela não era virgem, a deixasse ir. Preferia pensar assim, mesmo que no fundo sabia que seu plano tinha tudo para dar errado.Antes de se deitar, Flora leu um pouco de seu livro e adormeceu rapidamente pelo cansaço. Sonhou que corria desesperada de algo que estava próximo de pegá-la, até que caiu num buraco infinito e acordou assustada. Se levantou e foi até o banheiro, se olhou no espelho, viu seus olhos verdes a encarando, o cabelo castanho claro caia em seus ombros completamente indefinidos, não se lembrava da última vez que cortou, nem mesmo a última vez que se sentiu bonita, num ímpeto, Flora quebrou o pequeno espelho com o cabo do pente para não se machucar, estava farta daquela imagem, da mulher fraca ali refletida. Apagou a luz e voltou para a cama.Pouco mais de dois anos se passaram, Isabella comemorou os dois aniversários do filho com os amigos que fez na cidade, sem notícias do que aconteceu, ela não tinha certeza se podia entrar em contato com a avó. Durante meses, ela acordava e ia até a porta esperando que Donatello fosse aparecer, mas ele nunca estava lá. Até que um dia, ela cansou de esperar, precisava aceitar que as coisas poderiam ter dado errado e apenas ele sabia onde ela estava. Era difícil e ela passou muitas noites chorando e desejando ter o poder de voltrar atrás. A vida no campo era tranquila, ela continuou cuidando da horta e tirava dali o seu sustento, planejava guardar o dinheiro que Donatello deixou para a faculdade do filho. O menino se mostrava inteligente, era curioso e simpático com todos, adorava brincar com seus carrinhos e usar os pés de repolho como bola, mesmo que Isa tenha comprado várias bolas coloridas. Os vizinhos adoravam os dois e sempre os chamava para jantar em datas especiais. Isabella ta
Donatello não queria retornar, mas precisava terminar o que começou, ou seria conhecido como o don fugitivo e definitivamente ele não queria isso. Além disso, não conseguiria viver em paz sabendo que quem tentou matá-lo está vivo e poderia encontrá-lo a qualquer momento.Mesmo após horas de viagem, ele foi direto para o ponto de encontro num dos seus galpões com estoque de armas e carros. Quando chegou, todos já estavam lá, incluindo Enzo que não tinha sido convidado, ele tentou ignorar, mas não conseguiu disfarçar sua cara de insatisfação.— Don... — Roman chamou. — Ele me procurou e disse que você pediu para ele falar comigo, eu desconfiei, mas ele também é um capo então pensei que...— Pensou errado Roman, só espero que dê tudo certo. — ele desviou do capo e seguiu para a mesa improvisada no centro do galpão. — Boa tarde, senhores.— Boa tarde, Don. — responderam e um a um se levantou para cumprimenta-lo com um aperto de mãos.— Bom eu vou direto ao assunto, meu pai está vivo e é e
Eles chegaram à capital por volta das 11 horas da manhã, os homens que os ajudaram foram para casa, mas o casal e Diego passaram num hospital onde foi feito alguns exames em Donatello, precisaram enfaixar seu pulso devido um deslocamento, mas foi rápido e finalmente foram para a casa da avó de Isabella. Leo estava lá e todos concordaram que era mais seguro que voltar para a mansão.Porém, precisavam pegar algumas roupas e verificar se as coisas estavam em ordem. Roman ficou responsável por isso e de fato tudo estava limpo e os corpos dos homens de Catarina já não estavam mais lá. Donatello caminhava com dificuldade, mas acompanhou os dois e ouviu Isabella contar o que aconteceu.Quando chegaram na casa da avó, a primeira coisa que fizeram foi abraçar o filho, que apenas sorria alheio a tudo que tinha acontecido. Marietta abraçou a neta, esteve muito preocupada, sabia que para Isabella mandar o filho para lá, algo grave tinha acontecido e ao ver como Donatello estava, ela entendeu do q
A equipe de Isabella partiu de helicóptero para uma cidade costeira ao norte. Chegaram a noite no ponto marcado para pegar o barco. Ela estava desde cedo sem comer e começava a se sentir fraca, como se adivinhasse, Diego lhe entregou uma barra de cereais enquanto caminhavam em direção ao barco.— Eu sempre soube dos riscos e que o que fazemos é errado e perigoso, as vezes me pergunto porque aceitei participar disso e o que me vem à memória é você fazendo o possível para atingir seus objetivos. Como consegue ignorar toda parte ruim? — Diego perguntou.— É bem simples, nunca ninguém se importou comigo e agora eu sou egoísta, só me importo comigo mesma e com o que eu quero. Talvez eu esteja errada em ser assim, mas eu não ligo. É o sentimento que teve ao decidir salvar sua família, sujou suas mãos por algo importante para você.— Isso não foi egoísmo.— Foi sim, a responsabilidade era do seu pai, mas você queria ser o herói. Você tinha bons motivos, mas não pode negar que o ego falou mai
Com um plano em mente Isabella desceu as escadas e foi ao escritório de Donatello pegar um frasco que ela viu certa vez de um sonífero potente, nas aulas de fármacia aprendeu sobre o princípio ativo da substância e sabia que em grandes doses poderia até ser letal. Assim que encontrou, ela o pegou e foi até a cozinha. Para todos os funcionários era mais um dia normal, então as duas cozinheiras estavam a todo vapor preparando o almoço quando ela entrou.— Meninas, eu preciso da ajuda de vocês. — pediu assim que entrou e elas se assustaram. — Desculpe não queria assustá-las, mas é um pouco urgente.— O que houve senhora Puzzo? Está tudo bem? — a mais velha perguntou.— Tem a ver com os seguranças novos? Eu estava comentando com ela que achei estranho.— Sim, eles não são os seguranças normais daqui e Donatello foi sequestrado. — ela olhou para trás e foi até porta trancá-la para que entrasse. — Eu preciso que preparem um suco e coloquem isso, só deem para os seguranças e para Branca, ela
Quatro meses passam num piscar de olhos, tudo estava quieto, tranquilo demais. Donatello seguia seu trabalho preocupado e atento, calmaria era algo raro e suspeito. Até a polícia estava quieta. Com isso ele voltou a treinar Isabella assim que acabou o resguardo e tinha um plano de fuga em mente caso fosse necessário. Nem mesmo Stéfano lhe deu notícias.— Está distraído! — Isabella respondeu após ele reclamar do soco que ela lhe deu no treino. — O que está acontecendo?— Nada... e é isso que me preocupa.— Para mim isso é ótimo, assim o Leo cresce e não vai se tornar um empecilho tão grande quando as coisas piorarem. — ele sorriu e começou a tirar as luvas.— Só vai ser um pouco mais pesado. Vamos para casa, não vou conseguir me concentrar hoje.Mais tarde naquele dia, Don estava em seu escritório quando recebeu ligação de um número desconhecido, ele atendeu sem dizer uma única palavra.— Estou dentro, Don. Não posso te dar muitos detalhes agora ou vão desconfiar, mas preciso de uma pe
Último capítulo