Eu o encarei. Marcos estava na porta da cozinha, sorrindo com a faca e o tomate na mão. Meu coração não batia de medo, mas de uma raiva fria e controlada. O som da voz dele, o cheiro do azeite que ele estava usando, tudo era uma nojeira mentirosa.
— Sim, Marcos. Eu já escolhi. E não é macarrão. É justiça — minha voz saiu baixa, mas firme. Eu não tinha o tom de uma vítima; eu tinha o tom de uma juíza.
Ele hesitou. O sorriso vacilou um instante, capturando a frieza nos meus olhos.
— Justiça? O que você está falando, Lara? Você está muito estressada, linda.
— Não me chame de Linda. E não estou fazendo drama. Eu só li a mensagem que você recebeu, Marcos — eu disse, apontando para o celular dele, que estava na mesa. Minha voz não subiu, o que o desestabilizou mais do que um grito. — A mensagem da Luiza.
Marcos paralisou. O tomate escorregou da mão dele e caiu no chão com um ploc mole. A faca, por pouco, não caiu junto. Ele correu para a mesa, os olhos frenéticos no celular.
— O que você v