Reboco e construção.
A Rocinha acordou diferente naquela semana. Ainda machucada, mas com um tipo de força que só favela tem: a que vem da dor misturada com esperança. Os buracos dos tiros nas paredes viraram pontos de conversa e união. Em cada viela, alguém empunhava uma pá, um balde, um rolo de tinta.
A quebrada tava viva. E pronta pra se reconstruir.
---
Rael acordou com o sol cortando a janela e o celular pipocando de mensagem. DV já tinha deixado aviso no grupo: “7h em ponto na quadra do Campão. Todo mundo convocado pra ação.”
Ele vestiu a camisa branca básica, short preto, boné baixo na testa. O rosto ainda carregava as marcas da guerra: o corte no ombro começando a fechar, olheiras profundas, mas o olhar firme. Na cintura, não mais a Glock. Só um rádio.
Na sala, Alexia arrumava uma bolsa com pedaços de tecido, fita métrica e um caderno de anotações. Tava indo fazer entrega de roupa sob medida e, se sobrasse tempo, ia visitar a costureira que topou ajudar com o novo projeto da Lex Boutique.
— Tu vai