Sangue na laje, fé no coração.
O sol nasceu meio envergonhado naquele dia. A Rocinha ainda tava coberta por uma nuvem densa de fumaça e luto. Nas lajes, marcas de bala. Nos becos, cascas de munição espalhada. O cheiro de pólvora ainda tava presente no ar, junto com o medo e o silêncio de quem sobreviveu.
Rael andava devagar pela viela, o corpo cansado, a mente rodando. A Glock ainda tava presa na cintura, mas agora pesava mais do que nunca. A guerra tinha vencido uma batalha, mas o coração dele… tava machucado.
— E aí, chefe… — disse um moleque novo, com o olho roxo e um curativo malfeito no braço. — Conseguimos segurar os cara.
Rael assentiu, mas o olhar tava longe.
— Quantos caíram?
— Quatro do nosso lado. Uns oito deles. E PV... morreu mesmo.
Rael parou. O peso da morte sempre cobrava caro, mesmo quando o inimigo merecia. Ele respirou fundo.
— A gente vai fazer o velório dos nossos em paz. E depois, reconstruir. Esse morro é nosso.
O moleque sorriu, orgulhoso. Mas os olhos ainda molhados.
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Na Lex Boutique, Al