Após encerrar a ligação, saiu do prédio junto dos pais de Ana. Emília chorava o tempo todo enquanto abraçava o marido em busca de consolo. Bento também estava desconsolado, principalmente agora, ao saber que o garoto que implicava com sua filha era, na verdade, o filho do tão detestável Gabriel William.
Uma raiva gigantesca se instalou em Bento. Se antes ele via Théo como um bom rapaz, agora o detestava por pensar que o rapaz estava por trás de tudo aquilo.
Mas o que Bento não sabia era que nem mesmo Théo estava ciente das loucuras que o pai estava fazendo. Pois, se soubesse, jamais concordaria com isso.
Gabriel seguiu rumo à mansão com seu motorista e seu guarda-costas, Gean, enquanto o outro carro levava Emília e Bento de volta para casa. Gabriel chegou à mansão acompanhado de seus homens, que traziam Ana com eles.
Estacionaram o carro em frente à mansão e tiraram a garota de dentro. Ela já não estava mais amarrada, mas mantida presa pelas mãos de um dos seguranças. O semblante da garota era assustado e confuso. Mais assustada ainda ficou ao constatar, à sua frente, o empresário mais temido de todos os tempos. Uma senhora se aproximou — era Bárbara. Ela olhou confusa para a cena diante de si.
— Senhor William? Quem seria essa adorável moça?
— Sem perguntas, Bárbara. Meu filho está em casa?
— Não, senhor! Ele saiu para encontrar os amigos.
— Melhor assim. Leve essa moça para o quarto de hóspedes e não a deixe sair de lá por nada neste mundo. E não diga a ninguém, principalmente ao meu filho, que ela está aqui — ordenou Gabriel.
— S-sim, senhor! Mas… por que tudo isso? — perguntou a governanta, desconfiada.
— Está aqui para cumprir ordens. Então, as cumpra.
Pelo tom de voz, Gabriel estava claramente nervoso, e Bárbara sabia muito bem que, quando o patrão ficava assim, não respeitava ninguém.
Com medo do que ele pudesse fazer, Bárbara se aproximou de Ana. Assim que a viu chegar, Ana estremeceu. Notando o quanto a garota estava assustada, Bárbara sorriu com o máximo de gentileza que pôde, tentando transmitir confiança. Um “Não tenha medo” saiu de sua boca, e Ana pareceu perder um pouco do receio naquele momento.
Na companhia de Bárbara, Ana entrou na mansão — um lugar gigantesco, julgou ela. Foi guiada até o andar de cima, onde havia um corredor extenso. Em um dos quartos, quase no fim do corredor, Bárbara abriu a porta e indicou que a garota entrasse.
As duas ultrapassaram a porta, e Bárbara a fechou. Dentro do quarto, a governanta observava a menina à sua frente. Ela ainda parecia assustada. Sentou-se na grande cama de casal e abraçou as próprias pernas.
Comovida com a cena, Bárbara não se conteve e se aproximou, vendo Ana se derramar em lágrimas.
— Não fique com medo. Eu não vou fazer nada com você. Quer me dizer por que está aqui?... Por que o senhor Gabriel te trouxe para cá?
— Eu não sei! — respondeu Ana, com lágrimas nos olhos. — A única coisa que eu sei é que dois homens me levaram para um lugar e me deixaram amarrada lá por um bom tempo. Depois me trouxeram para cá… Mas não sei o que está acontecendo. Meus pais devem estar preocupados comigo — completou Ana.
Bárbara se aproximou da garota, mesmo com medo de ser rejeitada. Abraçou-a e ficou surpresa ao ver que Ana não se afastou e permitiu o abraço.
A porta do quarto se abriu. Gabriel entrou com seu olhar superior de sempre.
— Sou um homem que gosta de ir direto ao ponto. Então, só vou falar uma vez para que entenda. A partir de hoje, você pertence a mim. Vai se casar com o meu filho. E antes que diga qualquer coisa, saiba que não tem escolha.
Assim como entrou, Gabriel saiu do quarto, batendo a porta com força. Ana olhou para a senhora que ainda a abraçava, e um choro desesperado tomou conta dela.
Gabriel desceu para o andar de baixo. Sentou-se em uma poltrona e ficou ali aguardando o filho, que não tardou a aparecer.
— Papai? Tá tudo bem? — Théo, preocupado, encarou o pai, que o olhava mais sério que o normal.
— Venha ao meu escritório. Precisamos conversar.
Gabriel se levantou, mesmo com dificuldade, e seguiu para o escritório, vendo Théo o acompanhar. Já dentro do cômodo, o mais velho foi até sua poltrona atrás da grande mesa, próxima à janela. Sentou-se, e Théo ocupou a poltrona à frente.
— O que está acontecendo, papai?
— Quero que se prepare. Vai se casar neste sábado!
— Como é? — perguntou Théo, confuso e, ao mesmo tempo, nervoso.
— O que acabei de dizer. Você vai se casar neste sábado — respondeu Gabriel com a maior calma do mundo.
— Endoidou de vez, Gabriel?
— Olha como você fala comigo, seu moleque. Sou seu pai!
— Meu pai? Tem certeza disso?... Olha o absurdo que acabou de dizer. Escuta aqui, papai — sua voz soou ríspida e enojada —, eu não vou me casar com ninguém sem amor!
Théo não deu tempo para o pai responder. Saiu do escritório batendo a porta com tamanha força, demonstrando o quanto estava nervoso com a situação. Gabriel apenas olhou na direção por onde o filho saiu, pegou o telefone à sua frente e discou um número. Um número que não tardou a atender.