Caroline Hoffmann
A vida nunca é fácil para ninguém.
Nasci em uma família humilde. Tenho três irmãos mais novos e pais ausentes. Vivos, porém ausentes e inconsequentes, por incrivel que pareça.
A única coisa que pensava quando criança era em ter uma vida abundante quando me tornasse adulta, mas não contava que para ganhar dinheiro, teria que me dedicar tanto ao trabalho.
Meus pais viviam mais na rua do que dentro da nossa própria casa, então passei a cuidar dos meus irmãos por conta própria. Eu tenho 34 anos, abaixo de mim tem Chiara com 27 anos, seguida por Paloma que tem 24 anos e o caçula, Robert que tem 22 anos.
Não me lembro como foi a transição de cada um para o ensino médio, mas sei que eles sempre foram dedicados e nunca trouxeram problemas para dentro de casa pois não tinha o apoio dos nossos pais para ajudar a solucionar, então hoje somos adultos e responsáveis por conta própria e não por ensinamentos.
Quando entrei na faculdade de medicina, sabia que estava realizando um sonho, e sentia que minha vida iria mudar a partir disso, e bem, não posso dizer o contrário.
Conheci o homem da minha vida. Um homem simples e dedicado. Sempre surgia nos momentos mais difíceis para mim e sempre arranjava desculpas e motivos para me ver. Ele era tão apaixonado por mim quanto eu por ele.
Me apaixonar por ele foi algo simples e rápido, e o amor que foi crescendo veio como um combustível para me fazer pensar em um relacionamento duradouro, algo que iria florescer futuramente.
Por mais que eu não tivesse um espelho de amor em casa, eu sonhava com isso para mim. Desejava ser bem sucedida no âmbito profissional assim como o pessoal. Queria ter a minha família. Ele compartilhava dos mesmos pensamentos que eu e então ali me entreguei de verdade, pois eramos muito parecidos.
O resultado da minha escolha rendeu um relacionamento de 6 anos, regado de muita cumplicidade e parceria, mas tudo caiu por terra quando meus pais descobriram que eu namorava o filho de um dos homens mais ricos da cidade. Sob fortes ameaças, exigiam que eu lhe pedisse dinheiro. Isso era algo que me feria profundamente, meus irmãos e eu trabalhamos duro para ter algo melhor e ainda assim, lá estavam meus dois maiores exemplos a não seguir quando me tornasse responsável por um novo ser.
Eles estavam me pedindo para extorquir o homem que eu amava.
Era vergonhoso saber que meus próprios pais iriam me colocar naquela situação. Eram reclamações diárias, exigências e discussões sobre como eu tinha o futuro de toda a família na palma da mão. Meus irmão me entendiam e estavam todos do meu lado, mas a força maior, era dos meus pais, eu sabia que devia muito a eles pois eu fui bem criada enquanto eles ainda tinham amor pela família, então eu os amei muito e tenho nossas lembranças ainda intactas na memória, mas tudo mudou quando jogaram na minha cara que eu devia minha vida a eles e que por minha culpa iríamos morrer de fome, aquilo foi meu ponto de desequilíbrio. Eu simplesmente abri mão de tudo e coloquei um fim no meu relacionamento de anos. Não poderia contar a ele o que me motivou a terminar. Assim como não pude mais continuar morando na mesma casa que meus pais.
Naquele término, acabei perdendo metade da minha alma quando resolvi deixá-lo para trás.