67. O QUE ACONTECE
As palavras impactaram Cristal como uma onda gelada. Olhou para Gerónimo com uma expressão de terror e esperança.
— Amor! Dissemos que primeiro iríamos conhecer-nos! — exclamou, nervosa.
A simples menção de um casamento formal, unida à proximidade de uma lua-de-mel, fez-lhe perceber o quão rápido tudo estava a avançar. Precisava de retomar o controlo, pensar com clareza antes de se deixar levar pelos sonhos românticos de Gerónimo.
Procurando ganhar tempo e mudar o foco, decidiu aceitar a parte prática da situação.
— Está bem — disse, olhando para Gerónimo como se estivesse a fazer um acordo —, compra-me uma dessas pílulas. Ou, melhor, mais de uma para ter de reserva. E preservativos para ti, querido, até eu poder ver um ginecologista.
Gerónimo olhou-a, um pouco surpreendido com a determinação que acabava de mostrar. Ela, por sua vez, relaxou um pouco ao ver que a sua proposta tinha sido bem recebida, ainda que não conseguisse livrar-se do peso das palavras "família" e "casam