Quando todos saem, Giovanni pede para falar comigo. Fico sentada, observando a porta se fechar atrás deles. Algo no semblante do meu primo me incomoda profundamente. Seu olhar fixo em mim carrega um misto de seriedade e algo mais sombrio que não consigo decifrar.
– Precisamos ter uma conversa séria.
– Eu não quero discutir nem ouvir sermão de você. – Minha voz sai firme, mas o incômodo cresce. Nos últimos dias, nossas interações têm sido tensas, e hoje eu faço uma promessa silenciosa a mim mesma: a partir de agora, não vou tolerar a grosseria dele.
– Não iremos discutir, a não ser que você defenda Paulo.
Ao ouvir o nome do meu pai de criação, sinto um aperto no peito. Não sei o que é pior: o som do nome dele ou as memórias que esse nome traz à tona. Sempre que penso em Paulo, é como se uma onda de água suja me atingisse, me sufocando. E, com essas lembranças, vem a culpa pelo que fiz com Otávio.
– Prometo ouvir calada.
– Perfeito. – Giovanni se levanta e vai até um cofre embutido na p