Capítulo 144
Quando a mentira se vira contra a mãe errada
O quarto estava silencioso demais. Celeste entrou com passos calculados, os saltos ecoando no piso de madeira polida. A luz suave do abajur refletia na parede, criando sombras longas e dançantes. No centro, o berço.
Lá estava ele.
O bebê.
Coberto pela manta de linho azul, como ela mesma havia deixado. Mas algo incomodava Celeste. Um detalhe fora de lugar. A manta estava mal dobrada. E... o sapatinho. Faltava os sapatinhos. Ela se aproximou, o coração acelerando.
Ergueu a manta.
A roupa era outra. Um macacão mais antigo, de algodão comum. Nada da seda fina que ela havia escolhido com tanto cuidado.
O olhar desceu.
O pé.
A marca de nascença... estava ali. Mas era falsa. Muito bem feita, mas falsa. E Celeste sabia. Porque aquela marca tinha um pequeno desvio de forma que só ela conhecia.
O mundo girou. O chão sumiu sob seus joelhos.
Ela caiu. Sem elegância. Sem contenção.
O choro veio seco, desesperado. A respiração falhou.
— Não