((Enzo))
Depois que cheguei de viajem, fui correndo ver a Anna e nossa filha. Nos amamos aquela noite, mas algo não me deixava descansar. Desci as escadas, o silêncio da noite parecia mais denso dentro dos corredores da casa. As paredes da mansão Montanari guardavam histórias demais. Segredos demais. E naquele instante, entrei na biblioteca como quem cruza uma fronteira invisível.
Dante já estava ali, como se me esperasse entrar, com um copo de uísque na mão. Os olhos dele estavam voltados para o fogo da lareira, como se buscasse algo entre as chamas. Ele me ouviu entrar, mas não se virou. Apenas disse
— Você sabe que a qualquer momento, isso tudo pode ruir.
— Por isso estamos aqui — respondi, fechando a porta atrás de mim.
— Para garantir que não aconteça Dante.
Ele assentiu. Ficamos em silêncio por alguns segundos. Eu observei o perfil dele, a tensão nos ombros, o cansaço nos olhos. Tínhamos envelhecido anos nos últimos meses. E agora, algo maior nos ligava. Algo que nem ele nem eu