CAPÍTULO 2

“Você consegue muito mais com uma palavra amável e um revolver, do que somente com uma palavra amável sozinha”

Al Capone

Rússia, Moscou.

Svetlana observou Vasiliev na frente do carro preto. Ela andou até ele, saindo da grande propriedade escola de etiqueta, o que era uma fachada já que dentro daquele prédio era uma academia para tornar filhos de chefes famosos em profissionais de matar.

— Svetlana — A saudação do homem mais velho foi estranha. A mulher ficou em silêncio esperando o próximo movimento. — Entre.

A porta do carro foi aberta e a sensação de estar sendo condenada mais do que ela já era veio como um arrepio na nuca. Não era o tempo frio e gelado do país que a fez sentir os pelos eriçados, o cabelo médio voou pelo vento gelado quando ela se movimentou para entrar no carro.

Vasiliev sentou ao seu lado e ele ordenou que o motorista dirigisse.

— Alguns meses atrás fiz uma negociação muito bem sucedida — O homem dos cabelos cinzentos a olhou, Svetlana lembrava daquele olhar.

Não questionar, não falar, não expressar nada sem receber a ordem.

"Uma soldada bem sucedida na vida é aquela que escuta muito e fala pouco."

— Você está prometida ao filho mais velho do D'Angelo — Vasiliev fez Svetlana olhá-lo nos olhos, segurando sua mandíbula. — Entramos com um acordo de paz, faz o seu trabalho como esposa e não teremos mais problemas com a máfia siciliana.

— Da.

Ao longe Svetlana olhou para a academia que passou sua infância, adolescência e os primeiros anos adultos, seu corpo duro se voltou para frente. Sua cabeça estava processando a informação que ela estava noiva, o casamento não era uma missão, ela não iria matar o seu marido, teria que conviver com ele pelo resto da sua vida, ou da dele. Svetlana estava se perguntando se aquilo seria um tipo de aposentadoria de matar, sua mão coçou em agonia, as coisas que ela aprendeu uma esposa normal não saberia fazer, ela pensou em pular do carro e fugir, roubar e matar alguém era fácil para conseguir dinheiro, mas para onde ela iria? Antes de chegar na fronteira toda a Bratva estaria apontando mil canhões em sua cabeça.

Svetlana teve treinamento para tudo, menos para ser uma esposa, teve simulações de ser um casal com outro homem da academia, mas a diferença era que os dois sabiam que tudo aquilo seria passageiro. Ela sempre teve a nota mais alta em sedução, então seduzir seu marido seria fácil, se conseguisse manipulá-lo ela tomaria tempo para ver se matava-o ou continuaria a encenação.

*****

Na mansão Vasiliev, Svetlana sentiu suas mãos suando, ela tinha poucas lembranças daquele lugar. Ao sair do carro o vento frio fez seus cabelos castanhos escuros médios voarem, a neve cobria o chão e poucos metros distantes estava sua irmã caçula, seu rosto vermelho e o vinco nas suas sobrancelhas denunciava sua ira.

— Papai! — O salto agulha bateu contra o piso de mármore na varanda da casa.

— Da.

— Por que fez a aliança com ela? Eu treinei a minha vida inteira para esse momento — Os olhos lacrimejando fez Svetlana analisar a chateação verdadeira.

As duas eram de mundos diferentes, enquanto Svetlana era a mais velha e fora enviada para a academia de assassinos russos aos três anos de idade para ser uma soldado, assassina cruel e sanguinária, Yuliya foi cria para ser a esposa perfeita, submissa e mãe exemplo para outras mulheres dentro da Bratva.

Enquanto Svetlana era o cão de caça, Yuliya era a barbie, a princesa.

Mesmo tendo treinamento de não fazer nenhuma expressão, foi difícil não fazer uma careta de desprezo ao ver as lágrimas escorrerem pelo rosto branco parecendo de porcelana de sua irmã mais nova.

— Svetlana foi prometida ao filho do D'Angelo e sem mais discussões — Vasiliev esbravejou, Yuliya estremeceu enquanto as lágrimas escorriam em silêncio.

— Da — Yuliya abaixou a cabeça em submissão.

Mesmo sabendo que aquele era o seu nome, ainda estava sendo estranho se acostumar com ele, desde que entrou naquela academia seu nome tinha virado um número. Oito quatro meia.

— Esteja apresentável — Vasiliev se virou para Svetlana. — Você parte amanhã.

Rapidamente ela se viu sozinha com a sua irmã, os olhos vermelhos e irritados a encararam com ódio. Svetlana andou com os seus passos silenciosos porém marcados, ela subiu a longa escada sentindo o celular escondido no corpo.

No seu quarto Svetlana rapidamente cobrou os favores para os seus contatos perguntando tudo sobre a vida do filho mais velho D'Angelo.

*****

No dia seguinte, Svetlana estava olhando para o sovetnik¹ do seu pai, ele iria junto para as apresentações, enquanto Vasiliev não poderia sair do seu território por motivos que ela desconhecia. Então o seu braço direito iria com a grande missão de apresentar os noivos. A russa lembrava vagamente que ele tinha uma filha, 350 era poucos anos mais nova que Svetlana, mas já tinha visto suas provas na escola e como ela era habilidosa.

O desejo de vasculhar o prédio procurando por furos e rotas de saída a fez ficar levemente inquieta, o suficiente para disfarçar a irritação.

— Sei que em seu sangue corre o instinto assassino — O sovetnik disse para ela casualmente dentro do elevador. — Acho até uma loucura juntar você com o D'Angelo, sua irmã foi mais preparada que você.

O russo olhou para a mulher ao seu lado com os dois soldados encostados na parede no fundo do elevador.

— Sua beleza é impressionante Svetlana, é de se admirar os cuidados da academia — Cuidados esses eram a facilidade de esconder e cicatrizar cicatrizes. — Mas um rostinho bonito não segura uma aliança, e sim a honra de um homem feito, se D'Angelo aprovar você estamos no lucro, ele aceitou e concordou a proposta que você não nasceu para ser uma esposa e nem foi educada para tal, mas o velho acha que o filho vai se interessar por você.

Filho esse que nem faz parte da família.

A boca de Svetlana entortou levemente em desgosto, questão de milímetros antes de controlar suas facetas e ficar com o semblante neutro. Svetlana era uma soldada, um número, seguia ordens cegamente, mas desde que saiu da academia sua cabeça entrava em constante alerta sobre a fala de alguém — seja quem for — sobre algo. Geralmente as falas não eram de acordo com os pensamentos de Svetlana.

O apartamento onde estava hospedada em um dos hotéis mais caros de Sicília era enorme, apesar de ser a filha do boss² da família russa, Svetlana não estava acostumada com conforto e suavidade, a cobertura era impressionante e a russa nunca tinha visto tanto luxo na sua vida.

Svetlana não gostava de vestido, mas o sovetnik de seu pai disse para ela ficar o mais feminina possível. Parecia estar enferrujada, fazia muito tempo que estava em uma missão onde o objetivo era seduzir homens, seus cabelos soltos estavam deixando-a agoniada, Svetlana estava acostumada com calças e cabelo em um coque bem preso estilo bailarina.

A porta principal se abriu e um dos capos de seu pai entrou e fez uma careta para o sovetnik.

— Mudanças de plano, D'Angelo foi emboscado em seu complexo.

O ambiente ficou tenso. Svetlana sentiu o peso da arma na sua cintura.

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sovetnik¹= Conselheiro

boss²= Chefe

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