"O homem paciente é o homem que controla. Ele é firme; constante em todas as coisas. Quando pretende acabar com seus inimigos, começa por matar seu próprio ego.
Onore. Vendetta. Lealtà." Cosa Nostra Hades entrou no hospital particular com o rosto num semblante gélido, por dentro seu sangue fervia, quem teria a ousadia de tocar em sua irmã? Quem seria tão estúpido o suficiente por violenta-la? Seu tio estava a sua frente conversando com a recepcionista enquanto seus olhos observavam o local, o hospital era muito bem requisitado, sem dúvidas ela estaria recebendo os melhores tratamentos. — Sobrinho — Hades olhou para onde lhe chamaram e seguiu seu tio para um corredor branco adentrando no hospital. Era só questão de tempo para todos estarem lá, seus irmãos também haviam sido convocados pelo seu pai. No corredor da UTI ele viu através da janela de vidro a sua irmã inconsciente. Precisou de todo o seu autocontrole para não arrancá-la daquela maca. Ártemis estava magra e pálida, por baixo da roupa do hospital ele viu os hematomas e machucados ainda não cicatrizados no braço. — Quem fez isso vai pagar — Hades, agora quase Don da famiglia siciliana jurou em frente a parede de vidro. Seu celular tocou no bolso da calça, a tela se preencheu com o número estrangeiro e desconhecido. — O que aconteceu com Ártemis? — A voz enfurecida de Hefesto bravejou contra o telefone. Hades concluiu que aquele número que ele estava ligando era de um celular descartável. — Estou na frente dela nesse momento irmão, se prepare por que a partir de hoje que começa o inferno. — Ouvindo um rosnado quase animalesco Hefesto desligou a chamada e Hades colocou seu telefone no seu bolso de volta. Os próximos passos estavam sendo arquitetado na sua cabeça. ***** Ao chegar na mansão, Drago o esperava no degrau da entrada da sua casa. Com a arma em mãos ele observou o carro de Hades parar em frente e sair do veículo. — Finalmente a porra de um rosto conhecido que eu queria ver — Se não fosse sua irmã e sua mãe, Hades já teria jogado tudo para o alto. Os lábios de Drago esticaram levemente para o lado antes de ser embalado pelo abraço de Hades, os dois homens eram de uma altura proporcional, mas as costas de Drago eram extremamente largas. — Fiquei surpreso de entrar em contato comigo — Drago diz ligeiramente curioso. — Você é o cara que eu mais confio no momento, estou em um ninho de cobra. Os dois sobem os degraus e o tio de Hades desceu do carro olhando para o sobrinho e o homem misterioso. — O que está acontecendo? — Drago perguntou assim que passou pela porta da casa. Hades olhou para trás, seu tio estava alguns metros de distância, porém ele sabia que os olhos e os ouvidos do homem mais velho estavam direcionados a Hades. — Essa casa tem olhos e ouvidos, vamos para o meu quarto — Hades murmurou e as costas de Drago tencionaram, discretamente ele olhou ao redor. — Sua irmã, como está? — O assunto puxado estrategicamente por Drago fez os ombros duros de Hades relaxar um pouco. Os dois subiram as escadas conversando como que era o quadro crítico da caçula da famiglia, os dois já eram desse mundo da famiglia a muito tempo, aprenderam juntos que saber um pouco de medicina salvava vidas. ***** — É por isso que te chamei aqui — Drago olhou para Hades enquanto se jogou na cama. — O que você não quer contar que os outros podem ouvir — Hades pegou o notebook e colocou as filmagens das câmeras de segurança da casa em silêncio para que seu amigo visse. Lhe entregou os fones de ouvido e focou seus olhos no vão debaixo da porta. Os olhos críticos e analíticos de Drago cerraram ao ver a cena de estupro da Ártemis, as mãos de Hades se fechou. As lembranças que tinham da irmã caçula adotada não eram muitas, mas ela sempre tentava ser mais próxima dos irmãos, menos de Hefesto, estranhamente ela sempre foi tímida ao lado dele. Hades se lembrou depois de um dia de treinamento exaustivo com o seu pai, suas mãos estavam cortadas e cheias de bolhas. No auge da sua adolescência ele se viu desde pequeno que era o seu dever de proteger seus irmãos caçulas. Essa ânsia de receber um afeto por eles sempre foi escondido, e quando a menina sapeca adentrou no seu quarto com os olhos marejados e correu para abraçá-lo aquela muralha que forçava a ergueu caiu em instantes. O simples gesto de não conseguir apertar suas irmãzinhas e as palavras chorosas dela quebrou o coração de Hades. — Eu vi o que ele fez Hada, mas vou dar um beijinho e vai sarar. Por um momento Hades teve inveja da inocência da menina. Ela passou algumas horas limpando os ferimentos. Durou um mês para a ferida sarar realmente, já que seu pai tinha o prazer de ver suas mãos sangrando e fazia novos machucados sem esperar os antigos cicatrizarem devidamente. A lembrança se esvaziou de sua cabeça, a certeza de que aquilo não era apenas uma alucinação de quando era jovem ele simplesmente abaixou os olhos e viu a mão grossa e um pouco deformada por cicatrizes velhas. — O que devo fazer? — Drago olhou para Hades enquanto os dedos calejados passavam por cima da cicatriz grossa que ele tinha no torço da mão esquerda. — No momento nada, estou calculando meus próximos passos, tenho um furacão em mãos é preciso saber como manipulá-la para não chegar estragando tudo com a sua ira. Os lábios de Drago se esticaram levemente para o lado. — Uma mulher? — Minha prima. ****** Belial e Drago se analisavam, Hades olhou para aquela cena e revirou os olhos. — Primo, estou me sentindo substituído — Era só o que faltava, Hades pensou. — Onde você estava Belial — O semblante brincalhão e relaxado se fecha e a expressão séria toma seu rosto. — Compartilho de sua culpa, sabemos que Ártemis é um diamante a ser protegido. — Belial não diz onde esteve, o sangue de Hades aqueceu por pouco tempo até controlar sua raiva novamente e respirar uniformente. — Ela é, e se encontra em coma enquanto o filho da puta que abusou está livre por ai, eu quero ele — Hades olhou para Drago que acenou com a cabeça discretamente. Ali ele já sabia o seu trabalho, era caçar o bastardo que tocou na princesa da famiglia, a princesa da Cosa Nostra. Cabeças iriam rolar. ________________________________________“Você consegue muito mais com uma palavra amável e um revolver, do que somente com uma palavra amável sozinha”Al Capone Rússia, Moscou. Svetlana observou Vasiliev na frente do carro preto. Ela andou até ele, saindo da grande propriedade escola de etiqueta, o que era uma fachada já que dentro daquele prédio era uma academia para tornar filhos de chefes famosos em profissionais de matar. — Svetlana — A saudação do homem mais velho foi estranha. A mulher ficou em silêncio esperando o próximo movimento. — Entre. A porta do carro foi aberta e a sensação de estar sendo condenada mais do que ela já era veio como um arrepio na nuca. Não era o tempo frio e gelado do país que a fez sentir os pelos eriçados, o cabelo médio voou pelo vento gelado quando ela se movimentou para entrar no carro. Vasiliev sentou ao seu lado e ele ordenou que o motorista dirigisse. — Alguns meses atrás fiz uma negociação muito bem sucedida — O homem dos cabelos cinzentos a olhou, Svetlana lembrava d
“Esse foi o começo do fim da Cosa Nostra.”Anthony Casso Assim que Hades adentrou na mansão D' Angelo seu tio estava com um homem desconhecido na sala de visita. Os passos longos se tornaram curtos gradualmente até estar a dois metros de distância dos homens. Tinha visitado sua irmã caçula novamente, ele estava decidido a fazer do seu quarto um lugar apto para comportar todas as necessidades dela até melhorar, mesmo que o hospital não apresentava nenhuma ameaça ele nunca poderia saber de onde o seu inimigo estava vindo, poderia simplesmente voltar e terminar o que fez com Ártemis. A gerência de seu pai sempre teve algumas falhas, uma delas a principal era fazer da mansão D'Angelo o complexo da famiglia. Seu pai sempre gostou de esbanjar a riqueza que a famiglia tinha conquistado. — Sobrinho — Assim que Hermes percebeu sua presença ele se levantou junto com o homem ao seu lado. O rosto tenso do estrangeiro não era um bom sinal, Hades só queria voltar para o seu lugar sec
“É melhor viver um dia como um leão do que cem anos como um cordeiro” John Gotti Dois dias depois, Hades estava observando o caixão do seu pai descer para a cova no cemitério privado aos homens de honra da famiglia. — Nem pude vê-lo agonizando — Perseu falou em um tom baixo. O sereno da chuva estava se intensificando e as pessoas — principalmente mulheres dos seus primos — estavam erguendo os guarda-chuvas. A luva que ele nunca tirava coçou seu maxilar olhando para o movimento do caixão sendo colocado no fundo do jazigo pelos coveiros. — Agora vocês estão cientes do que me espera — Hades proferiu murmurando, a terra cobria o caixão mais caro da funerária. — Vendetta — Hefesto proferiu entre dentes. Desde que viu a irmã caçula ele estava levemente alterado, deixando sua raiva transparecer e o seu ódio explícito. — Exato — Nem todos dos irmãos estavam ali, mas a famiglia sentiu o poder dos três que estavam ombro a ombro sem tirar os olhos do caixão, os irmãos de
“Se há uma vontade, há sempre um caminho meu amigo”Richard Kuklinski Hades estava demorando muito tempo com aquilo, finalmente tinha fugido das suas obrigações para ir lá. Ele estacionou o carro na frente do hospital psiquiátrico e suspirou ao se ver sozinho, infelizmente chamar seus irmãos iria dar muito na cara que estaria acontecendo algo antes do casamento acontecer, ele queria que a sua mãe estivesse vendo aquilo. — Em que posso ajudá-lo? — A recepcionista solicita perguntou assim que Hades chegou perto do balcão da recepção. — Quero ver Antonella D'Angelo — Os olhos da mulher se arregalaram em surpresa. — Antonella D'Angelo? — Ela franziu a testa. — Sim, algum problema? — A garota engoliu em seco ao lembrar que os rumores estavam sendo verdadeiros. — Nenhum, qual o seu nome? — Hades D'Angelo — Seus olhos focaram na pulsação do pescoço da moça, quanto mais tempo passava mais ela ficava nervosa, Hades supôs que ela o conhecia, de alguma maneira. — Identifi
“O novo sempre destrona o velho, não existe zona de conforto neste nosso mundo”. Luciano Leggio À sua frente estava Hermes D'Angelo, seu tio e consigliere de seu pai, ao lado estava o capo direto de Ares D'Angelo, Pagano. Um pouco mais atrás estavam seus irmãos como testemunhas e chicoteadores, Hades estava fazendo aquilo pela segunda vez na sua vida e como na primeira, não estava nada animado. — Aqui está, Hades D'Angelo, sucessor e primogênito de Ares D'Angelo, assim como a lei da famiglia diz, hoje estou seguindo o mandamento não citado nos 10 mandamentos; passar o cargo de Don da Cosa Nostra a Hades D'Angelo. — A palma de mão é levantada para cima pelo Pagano, a faca furou a ponta do seu dedo e o italiano nem sentiu o corte. No meio do ritual, Hades viu todos os seus irmãos — Menos Apolo — olhando para ele, anos atrás ele pegou seus irmãos mais novos e colocou cada um em um país, longe da Itália, longe de seu pai e consequentemente longe da sua mãe. O sangue escorreu e p
“Atrás de cada grande fortuna, há sempre um crime!” Charlie “Lucky” Luciano Hades nunca sequer olhou para um preparativo de casamento, ele somente contratou as pessoas certas e deixou a mercê da sua noiva. Sua única exigência era que não poderia ser em hipótese alguma numa igreja, assim como a famiglia, a igreja era negócios e ele não iria misturar isso. Apesar de Hades ser siciliano e um homem de honra — novamente — ele nunca acreditou em uma religião específica, como um bom negociador e estratégico ele via os líderes religiosos manipulando as pessoas de fé, usando o mais baixo e antigo modo de extorsão para ganhar o que queria, e claro, Hades tinha esses líderes aos seus pés . Muitos homens de honra optaram por usar a imagem da igreja como pretexto para manter a boa imagem diante a comunidade siciliana. Hades nunca precisou fingir, muitas pessoas de fé temia a Deus no juízo final por causa de seus pecados praticados em vida, temiam a morte. Hades não era um Deus, mas era m
“Há certas promessas que você faz que são mais sagradas que qualquer coisa que acontece em um tribunal de justiça, eu não me importo para a quantidade de Bíblias em que você põe sua mão.” Paul Castellano Svetlana calculou todas as variantes de que se precisasse mataria seu mais novo esposo no altar. Ela sabia que sua entrada chocou a todos, principalmente quando escolherá entrar com as armas banhadas a ouro em mãos em vez de um buquê estúpido. A cerimônia aconteceu normalmente até o homem à sua frente falar sobre a ormetà¹. — O pedido especial da noiva é que o senhor Hades D'Angelo jure a omertà a ela — Svetlana quis sorrir ao olhar para Hades. Sim, ela tinha ousado colocar a omertà no casamento, assim como ela, ele iria fazer o voto de silêncio da família. Hades ficou de frente para Svetlana e seus azuis vieram para ela. Sem hesitar ele tirou uma adaga do cós da sua calça e levantou
“Alguns deles, excluindo a parte criminosa de suas vidas, podem ser gente muito bacana.”Rudolph Giuliani Hades tinha que mostrar para o seu recém sogro que ninguém iria desrespeitá-lo, foi uma ofensa de grandes proporções não ter ido ao seu casamento. Os italianos eram povos extremamente familiares, não vir nenhum membro da famiglia de Svetlana foi uma mensagem de que não se importava com tal aliança que seu consigliere fora tão persistente. — Sua famiglia, como está? — Hades perguntou para sua recém esposa enquanto a girava pelo salão, dançando. Svetlana o olhou com curiosidade, ele tinha reparado como ela analisava sua interação com seus irmãos, e com todo o ambiente, em nenhum momento sua esposa parou de analisar tudo e todos. — Eu não sei, não falo com eles — Ela esticou seu pescoço olhando tudo por cima dos ombros de Hades. — Eles não terem vindo foi uma desonra com você, esposa — Svetlana olhou seu corpo tensionando levemente. — Eu não me importo. — Ela disse