CAPÍTULO 1

"O homem paciente é o homem que controla. Ele é firme; constante em todas as coisas. Quando pretende acabar com seus inimigos, começa por matar seu próprio ego.

Onore. Vendetta. Lealtà."

Cosa Nostra

Hades entrou no hospital particular com o rosto num semblante gélido, por dentro seu sangue fervia, quem teria a ousadia de tocar em sua irmã? Quem seria tão estúpido o suficiente por violenta-la?

Seu tio estava a sua frente conversando com a recepcionista enquanto seus olhos observavam o local, o hospital era muito bem requisitado, sem dúvidas ela estaria recebendo os melhores tratamentos.

— Sobrinho — Hades olhou para onde lhe chamaram e seguiu seu tio para um corredor branco adentrando no hospital.

Era só questão de tempo para todos estarem lá, seus irmãos também haviam sido convocados pelo seu pai.

No corredor da UTI ele viu através da janela de vidro a sua irmã inconsciente. Precisou de todo o seu autocontrole para não arrancá-la daquela maca. Ártemis estava magra e pálida, por baixo da roupa do hospital ele viu os hematomas e machucados ainda não cicatrizados no braço.

— Quem fez isso vai pagar — Hades, agora quase Don da famiglia siciliana jurou em frente a parede de vidro.

Seu celular tocou no bolso da calça, a tela se preencheu com o número estrangeiro e desconhecido.

— O que aconteceu com Ártemis? — A voz enfurecida de Hefesto bravejou contra o telefone. Hades concluiu que aquele número que ele estava ligando era de um celular descartável.

— Estou na frente dela nesse momento irmão, se prepare por que a partir de hoje que começa o inferno. — Ouvindo um rosnado quase animalesco Hefesto desligou a chamada e Hades colocou seu telefone no seu bolso de volta.

Os próximos passos estavam sendo arquitetado na sua cabeça.

*****

Ao chegar na mansão, Drago o esperava no degrau da entrada da sua casa. Com a arma em mãos ele observou o carro de Hades parar em frente e sair do veículo.

— Finalmente a porra de um rosto conhecido que eu queria ver — Se não fosse sua irmã e sua mãe, Hades já teria jogado tudo para o alto.

Os lábios de Drago esticaram levemente para o lado antes de ser embalado pelo abraço de Hades, os dois homens eram de uma altura proporcional, mas as costas de Drago eram extremamente largas.

— Fiquei surpreso de entrar em contato comigo — Drago diz ligeiramente curioso.

— Você é o cara que eu mais confio no momento, estou em um ninho de cobra.

Os dois sobem os degraus e o tio de Hades desceu do carro olhando para o sobrinho e o homem misterioso.

— O que está acontecendo? — Drago perguntou assim que passou pela porta da casa.

Hades olhou para trás, seu tio estava alguns metros de distância, porém ele sabia que os olhos e os ouvidos do homem mais velho estavam direcionados a Hades.

— Essa casa tem olhos e ouvidos, vamos para o meu quarto — Hades murmurou e as costas de Drago tencionaram, discretamente ele olhou ao redor.

— Sua irmã, como está? — O assunto puxado estrategicamente por Drago fez os ombros duros de Hades relaxar um pouco.

Os dois subiram as escadas conversando como que era o quadro crítico da caçula da famiglia, os dois já eram desse mundo da famiglia a muito tempo, aprenderam juntos que saber um pouco de medicina salvava vidas.

*****

— É por isso que te chamei aqui — Drago olhou para Hades enquanto se jogou na cama.

— O que você não quer contar que os outros podem ouvir — Hades pegou o notebook e colocou as filmagens das câmeras de segurança da casa em silêncio para que seu amigo visse. Lhe entregou os fones de ouvido e focou seus olhos no vão debaixo da porta.

Os olhos críticos e analíticos de Drago cerraram ao ver a cena de estupro da Ártemis, as mãos de Hades se fechou. As lembranças que tinham da irmã caçula adotada não eram muitas, mas ela sempre tentava ser mais próxima dos irmãos, menos de Hefesto, estranhamente ela sempre foi tímida ao lado dele.

Hades se lembrou depois de um dia de treinamento exaustivo com o seu pai, suas mãos estavam cortadas e cheias de bolhas. No auge da sua adolescência ele se viu desde pequeno que era o seu dever de proteger seus irmãos caçulas. Essa ânsia de receber um afeto por eles sempre foi escondido, e quando a menina sapeca adentrou no seu quarto com os olhos marejados e correu para abraçá-lo aquela muralha que forçava a ergueu caiu em instantes. O simples gesto de não conseguir apertar suas irmãzinhas e as palavras chorosas dela quebrou o coração de Hades.

— Eu vi o que ele fez Hada, mas vou dar um beijinho e vai sarar.

Por um momento Hades teve inveja da inocência da menina. Ela passou algumas horas limpando os ferimentos. Durou um mês para a ferida sarar realmente, já que seu pai tinha o prazer de ver suas mãos sangrando e fazia novos machucados sem esperar os antigos cicatrizarem devidamente.

A lembrança se esvaziou de sua cabeça, a certeza de que aquilo não era apenas uma alucinação de quando era jovem ele simplesmente abaixou os olhos e viu a mão grossa e um pouco deformada por cicatrizes velhas.

— O que devo fazer? — Drago olhou para Hades enquanto os dedos calejados passavam por cima da cicatriz grossa que ele tinha no torço da mão esquerda.

— No momento nada, estou calculando meus próximos passos, tenho um furacão em mãos é preciso saber como manipulá-la para não chegar estragando tudo com a sua ira.

Os lábios de Drago se esticaram levemente para o lado.

— Uma mulher?

— Minha prima.

******

Belial e Drago se analisavam, Hades olhou para aquela cena e revirou os olhos.

— Primo, estou me sentindo substituído — Era só o que faltava, Hades pensou.

— Onde você estava Belial — O semblante brincalhão e relaxado se fecha e a expressão séria toma seu rosto.

— Compartilho de sua culpa, sabemos que Ártemis é um diamante a ser protegido. — Belial não diz onde esteve, o sangue de Hades aqueceu por pouco tempo até controlar sua raiva novamente e respirar uniformente.

— Ela é, e se encontra em coma enquanto o filho da puta que abusou está livre por ai, eu quero ele — Hades olhou para Drago que acenou com a cabeça discretamente. Ali ele já sabia o seu trabalho, era caçar o bastardo que tocou na princesa da famiglia, a princesa da Cosa Nostra.

Cabeças iriam rolar.

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