Narrado por Dmitri Volkov
Sair do consultório com as imagens do ultrassom nas mãos foi como carregar um pedaço do futuro dentro do bolso. O coração dele ainda batia na minha cabeça, rápido, firme, como se fosse um tambor anunciando guerra. Mas não era guerra. Era vida. O nosso filho.
Anya caminhava ao meu lado, os olhos ainda marejados. Eu observava a forma como ela segurava as fotos, como se fossem diamantes. Ela sorria sozinha, aquele sorriso pequeno que me desmontava mais do que qualquer tiro poderia.
Dmitri: — Quer comer alguma coisa?
Ela olhou para mim e assentiu, os olhos brilhando.
Anya: — Quero doce. De preferência um daqueles bem bonitos que ficam na vitrine.
Eu ri baixo. Às vezes esquecia que ela ainda era tão simples nas vontades, mesmo vivendo ao meu lado. Paramos na confeitaria mais próxima, uma daquelas antigas, com cheiro de pão fresco e açúcar no ar.
Entramos. O sino na porta tilintou e a moça do balcão abriu um sorriso largo. Reconheceu quem eu era, claro