Narrado por Anya Petrova
O relógio no criado-mudo marcava três horas da manhã. A suíte estava mergulhada em silêncio, só o mar do lado de fora se mexendo, batendo ritmado como uma canção antiga. Eu deveria estar dormindo profundamente, descansando o corpo, mas não. Minha barriga, minha mente e, principalmente, o bebê decidiram me sabotar.
O desejo bateu de repente, como uma onda que não avisa antes de quebrar: tiramisu. Eu não queria chocolate, não queria bolo, não queria sorvete. Eu queria, especificamente, aquele doce italiano cremoso, com café e cacau por cima.
Revirei na cama, tentando ignorar. Mas a cada segundo, a ideia ficava mais viva. Era como se meu filho gritasse dentro de mim: eu só saio daqui se vier com gosto de tiramisu.
Olhei para o lado. Dmitri dormia, deitado de bruços, cabelo bagunçado, só de calça de moletom. Respiração lenta, pesada. Tão bonito que me deu até pena. Mas o bebê não tinha pena.
Estendi a mão e cutuquei o ombro dele. Nada.
— Dmitri… — chamei baixo.
El