Narrado por Dmitri Volkov
O dia tinha sido longo. Longo demais. Depois da confusão com os poloneses, os relatórios, as reuniões intermináveis com o conselho, os telefonemas que nunca param de tocar, tudo que eu queria era silêncio. Mas, claro, eu nunca tenho silêncio por muito tempo. O carro avançava pela estrada cercada de neve suja, e Mikhail estava ao meu lado, no banco do motorista, cantarolando alguma porcaria que passava no rádio.
Eu respirei fundo. Havia uma coisa que eu precisava dizer antes que chegássemos à mansão.
Dmitri: — Amanhã Polina e Darya vão para a mansão. Vão passar uns dias com Anya.
O silêncio que se seguiu foi curto, porque Mikhail nunca consegue segurar a língua. Ele virou a cabeça devagar, com aquele olhar de moleque travesso que me dava vontade de atirar pela janela.
Mikhail: — Ah, é? Então finalmente teremos visitas femininas naquela fortaleza gelada. Don, meu amigo… que presente você me dá.
Revirei os olhos, já imaginando o que viria em seguida.
Dmitri: — N