Narrado por Mikhail
Quando desliguei a ligação, fiquei parado no meio da sala, o celular ainda na mão, como se tivesse acabado de receber um soco no estômago. A voz de Catarina, embargada, pedindo ajuda, não saía da minha cabeça.
Meus punhos se fecharam sozinhos. Respirei fundo, mas não adiantou. O passado voltou como um soco, cruel, me jogando de volta para a primeira vez que eu a vi.
Ela estava na casa dos Smirnova. Eu era apenas o braço direito de Dmitri, o homem que todos já viam como futuro Don. Estava lá em missão, mas quando Catarina entrou na sala, foi como se o ar tivesse desaparecido.
Ruiva. Pele clara como porcelana. Olhos cinzentos, frios, e ao mesmo tempo lindos. Não parecia feita para aquele mundo, mas pertencia a ele mais do que qualquer um de nós.
Naquela noite, tomei coragem de me aproximar.
Mikhail: — Você sabe que eu faria qualquer coisa por você, não sabe?
Ela sorriu. Um sorriso bonito, mas cheio de arrogância.
Catarina: — Mikhail, você é um bom homem. Forte, leal.