Narrado em terceira pessoa
O quarto 206 da pensão fervia em dor.
Bianca gritava com a alma. As contrações não davam trégua. O corpo se abria com violência, e o sangue se espalhava entre as coxas como uma confissão da vida que nascia. O colchão absorvia o líquido quente, o travesseiro servia de apoio para as costas, e a toalha dobrada — encontrada na pequena prateleira do banheiro — era tudo o que ela tinha para impedir o filho de cair direto no chão.
A cada empurrão, ela se esvaía.
Mas não parava.
Não podia parar.
Sozinha, assustada, mas firme.
Do lado de fora, os homens de Noah aguardavam. Receberam ordens para não invadir. Noah estava a caminho. E até que ele chegasse, ninguém encostaria um dedo nela.
Mateo, um dos seguranças mais antigos, mantinha o rádio encostado na boca.
— Senhor, ela está gritando. O bebê vai nascer. Ela está completamente sozinha. Não vamos conseguir manter ela estável por muito tempo...
A resposta veio seca:
— Não toquem nela. Estou chegando.
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Do outro lad