Narrado por Bianca
Acordei com um zumbido nos ouvidos e um gosto amargo na boca. A luz do teto doía. As paredes brancas. O soro pendurado. O bip das máquinas. A pulseira hospitalar no meu pulso esquerdo.
Por um segundo, achei que estava de volta à prisão disfarçada que Noah construiu pra mim.
Mas então olhei pro lado e vi flores.
Rosas brancas. Girassóis. Um ursinho de pelúcia com uma fita azul.
Engoli seco.
Meu corpo doía. Cada parte. Mas nenhuma dor superava o vazio abaixo das minhas costelas.
— Meu filho... — sussurrei, a voz arranhando a garganta. — Cadê meu filho?
Uma enfermeira entrou rápido quando me viu tentando sentar.
— Ei, ei, calma. Não se levante ainda. Você perdeu muito sangue.
— Cadê meu bebê?
— Na UTI neonatal. Mas está bem, estável. Está forte. Os médicos disseram que foi um milagre você ter conseguido fazer o parto sozinha.
Sozinha.
Eu queria rir. Queria dizer que milagre era pouco. Que o que aconteceu naquele quarto foi sobrevivência, foi gu