Narrado em terceira pessoa
A música ainda ecoava no salão, os flashes continuavam estourando, mas para Letícia e Gustavo a festa havia terminado no exato instante em que Bianca levantou aquele microfone e jogou vinho nos dois.
Na sala dos fundos do buffet, onde os funcionários organizavam bandejas de doces e garçons fumavam escondidos perto da porta de emergência, os dois estavam trancados em uma saleta minúscula, com cheiro de flor murcha e raiva estagnada.
Letícia arrancava os grampos do cabelo com violência, jogando um a um no chão de mármore.
Letícia: Ela vai pagar. Aquele demônio de vestido vermelho vai pagar caro por isso.
Gustavo olhava pro próprio reflexo no espelho emoldurado da parede, a camisa manchada de vinho, o cabelo bagunçado, a dignidade escoando pelo ralo da humilhação pública.
Gustavo: Você acha que ela planejou tudo?
Letícia: Você ainda pergunta? Aquela vadia vive pra isso. Pra se mostrar, pra humilhar. Ela não veio aqui por educação, veio pra jogar na cara