Narrado por Bianca
Eu não consegui dormir.
As palavras dele rodavam dentro da minha cabeça como lâminas afiadas.
"Você entra no meu mundo. E no meu mundo, eu decido as regras."
A forma como Noah Mancini falou comigo, como me olhou... não era de um homem interessado. Nem de um pai preocupado. Era de alguém que estava acostumado a tomar posse. Que nunca ouviu um "não".
E eu não ia ser mais uma peça desse império nojento.
Passei horas sentada no chão do quarto, com a mala aberta à minha frente. Peguei as roupas mais largas, os exames de ultrassom, os documentos, um envelope com o pouco dinheiro que ainda tinha guardado. Ana Júlia dormia no quarto ao lado, exausta, sem saber que eu estava quebrando por dentro.
Às três e meia da manhã, o silêncio era total. E foi nesse silêncio que minha decisão se consolidou.
Eu ia sumir.
Não por fraqueza. Mas por autopreservação. Por medo real. E pelo instinto de proteger