Narrado por Bianca
Dois dias.
Dois dias desde que fui afastada do trabalho por uma acusação ridícula, falsa, grotesca.
Dois dias de silêncio, de olhos desconfiados dos vizinhos, de ligações perdidas do RH, de noites sem dormir com o celular na mão.
E agora... batidas na porta.
Não eram batidas comuns. Eram firmes. Precisas. Batidas de quem não está perguntando se pode entrar. De quem sabe que será atendido.
Olhei pela janela lateral. Um carro preto estacionado na frente do prédio. Blindado. E parado há tempo demais.
Meu estômago virou.
Ana Júlia levantou do sofá, tensa.
— Você tá esperando alguém?
Neguei com a cabeça. Devagar.
Fui até a porta. E hesitei.
Mas o silêncio... o silêncio já dizia o que minhas mãos ainda não tinham coragem de confirmar.
Abri.
E lá estava ele.
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