Beatriz
Não acredito. Amanhã preciso conversar com Marcela. Podemos inventar a desculpa que for, mas deixar uma desconhecida enterrada em seu lugar não é certo.
Como não conseguiria dormir tão cedo, peguei meu material e comecei a desenhar um sobretudo masculino que surgiu na minha mente, bem sombrio. Só parei quando bateram na porta.
― Está aberta ― informei.
André passou pela porta logo em seguida.
― A sua prima já foi embora. Pedi ao motorista para levá-la ― informou.
― Tudo bem.
― Ainda estou chateada?
― Indignada que pensem assim. É como se só importassem vocês, a família de vocês. Outras pessoas também têm famílias.
― Eu vou descobrir quem ela é e procurar a família dela. Não precisa explodir.
― Foi um dia cheio. É melhor dormirmos. ― Sei que ele esperava que isso significasse sexo, podia ver em seu olhar, mas me ouvi dizendo: ― Cada um em sua cama.
― Claro. Boa noite, Bia!
E ele se foi sem reclamar.
Odeio quando me chama de Bia. Na sua boca, e apenas nela, soa bem mais pessoal