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O silêncio depois do amanhecer

A manhã chegou sem que eu percebesse.

A luz suave atravessava as cortinas brancas, inundando o quarto com um dourado cálido, como se o sol tocasse cada objeto com delicadeza. Por um instante, pensei que tivesse sonhado com tudo — com Zahir, com nossas palavras cortantes, com a dor que ainda queimava dentro de mim.

Mas o travesseiro ao meu lado ainda guardava o afundado leve do corpo dele.

Não havia sido sonho.

O quarto estava mergulhado em silêncio, exceto pelo som distante da cidade despertando — buzinas abafadas, o murmúrio dos ventos contra os vidros. O relógio marcava sete horas. Vitor se mexia no berço, emitindo sons baixos, doces, e aquele pequeno ruído bastou para me arrancar do torpor.

Levantei-me devagar, ajeitei o cabelo desgrenhado e caminhei até ele.

Ao me ver, Vitor sorriu — o sorriso mais puro, mais inocente que já existiu.

Meu coração se apertou. Acariciei o rostinho dele e o peguei no colo. O calor de seu corpo pequeno e perfeito contra o meu devolveu-me um pouco de pa
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