Não era Ayman. Era meu ex-chefe.
CAMILA
Enxuguei as lágrimas com as costas da mão. O sol já estava indo embora, e o céu ficava cada vez mais cinzento. O vento anunciava chuva.
Até agora, nenhum trabalho. Nenhuma chance.
As rosas que eu vendia aos casais no restaurante mal pagavam o aluguel. O dinheiro que tinha recebido duraria só até o fim do mês, e mesmo assim, apertado.
Virei-me na toalha e sentei. Meus olhos varreram a praia sem intenção… até que focaram em um homem parado ao longe, com os sapatos nas mãos.
Allah!
Meu coração deu um salto tão forte que doeu.
Bashir.
Mesmo de longe eu o reconheceria — reconheceria aquele porte em qualquer lugar. Os cabelos negros brilhavam sob a luz fraca do final de tarde, e sua figura se destacava, firme, imponente, mesmo vestido de maneira descontraída. A calça escura marcava o contorno forte das pernas, e a camiseta branca realçava a pele morena e quente.
Ele também me reconheceu. Eu vi.
Não precisava de palavras. Ele estava ali, na beira da praia, olhando diretamente para