Nunca aconteceu isso no hotel.
Heitor me conduziu pelos fundos do hotel, contornando a construção imensa e iluminada. O vento frio batia no meu rosto ainda quente de choro, e eu tentava controlar o tremor que tomava meu corpo.
Na lateral do prédio, ele abriu uma pequena porta metálica com uma chave. Ao acender a luz, revelaram-se prateleiras repletas de baldes, panos, vassouras e produtos de limpeza. Um depósito estreito, abafado, com cheiro de detergente e piso áspero.
Heitor arrastou duas cadeiras velhas que estavam encostadas num canto e me fez sentar.
Ele respirou fundo, claramente abalado.
— Estou sem saber o que dizer. — murmurou. — Você tem certeza que estamos falando da mesma pessoa? Como era o homem que te atacou?
Descrevi tudo minuciosamente: o homem, sua aparência, a sala enorme, acarpetada, com mesa de madeira maciça e vista para o mar. Contei a cena inteira... mas omiti a presença do outro — o homem de terno impecável, olhar negro e profundo, cuja simples presença tinha virado minha mente de cabeça para