POV CAMILA (Aminah)

A música começou a vibrar pelas paredes do pequeno teatro de ensaio, e eu fechei os olhos para entrar no ritmo. O som ecoava pelo espaço vazio, preenchendo as cadeiras alinhadas, o piso encerado e o palco improvisado onde eu estava. Respirei fundo, senti o ar quente no peito e deixei minhas mãos serem as primeiras a responderem ao compasso: movimentos circulares, fluidos, como ondas.

Logo meus braços acompanharam, subindo e descendo em sincronia com o pulso da música. Os quadris exigiam presença, exigiam entrega. E mesmo sem as roupas certas, mesmo sem o peso dos cintos e lenços tradicionais, eu me deixei ir. O vai e vem firme da dança nasceu no meu centro e percorreu meu corpo inteiro.

Quando abri os olhos para retomar o foco…

…ele estava ali.

Bashir Ayman.

Sentado à meia-luz, ligeiramente curvado para a frente, com um olhar enigmático que me acertou como um estilhaço quente no peito.

Meu coração vacilou por um segundo — mas não o deixei perceber. Mantive o movimen