Emmy Zack
A escuridão me cercava como uma tempestade viva. Uma ventania densa e enegrecida rodopiava ao meu redor, girando como um redemoinho de sombras que se alimentava do meu próprio medo. O ar era rarefeito, impregnado de um cheiro metálico e frio, como se a própria noite estivesse apodrecendo.
Eu não conseguia respirar. A pressão me esmagava de dentro para fora — senti o sufoco na garganta, nos pulmões, nos poros.
Como se meu corpo estivesse sendo esvaziado de mim mesma.
De repente, um grito escapou — agudo, primal, desesperado. Era meu. E foi só então que percebi: eu era o centro daquela tormenta. Ela girava em torno de mim, me mantinha suspensa no vácuo entre o ser e o não-ser. Levitava, mas sem leveza — o pânico era um peso invisível que me arrastava para dentro de mim mesma.
"Quem sou eu?" pensei. Mas não havia resposta. Nenhuma memória. Nenhuma âncora. Somente o vazio.
Relâmpagos de luz lilás rasgavam o vórtice escuro como veias de um universo ferido. Encolhi-me, envolv