Emmy Zack

Estava deitada sobre uma pedra aquecida pelo sol, os contornos ásperos suavizados pela presença acolhedora daquela mulher. Sua mão deslizava devagar pelos meus cabelos, com a ternura de quem já viu mundos nascerem e caírem em silêncio. O tempo parecia suspenso entre nós, como se o som das folhas dançando ao vento fosse a única batida que restava no coração da Terra.

Seus dedos, trançavam calma a memória em cada fio meu. Ela exalava o perfume sutil de ervas secas e flores esquecidas. Seus olhos, embora eu não os visse naquele momento, queimavam na minha lembrança como dois faróis dentro da névoa.

“ — Muito antes do primeiro raio de sol tocar os céus e antes mesmo de as estrelas surgirem como faróis no véu da escuridão, ergueu-se uma deusa. Ela não possuía nome, apenas um pulsar de consciência, um sopro de eternidade que não conhecia limites. Sozinha na vastidão primordial, ela ansiava por companhia. Assim, em um gesto de amor e sacrifício, partiu sua essência ao meio. Dess