O homem à sua frente estava irreconhecível. A barba por fazer, de tons azulados, despontava em seu rosto; as órbitas dos olhos estavam fundas, o olhar, vazio e sem vida, como se sua alma tivesse sido arrancada, restando apenas uma carcaça ambulante.
Mas… Fazia tão pouco tempo que não o via! Apenas de ontem para hoje! Como o Sr. Gabriel podia ter mudado tanto assim?
— Sr. Gabriel, vim buscá-lo para levá-lo pra casa. — Disse Rafael, surpreso, mas tentando manter a compostura.
Gabriel não respondeu. Simplesmente levantou uma perna e passou por ele mecanicamente, como um autômato. O olhar continuava apagado, sem brilho, sem sequer se fixar em algum ponto.
Rafael chegou a abrir a boca, quis dizer algo, mas acabou se calando. Pegou rapidamente os pertences do Sr. Gabriel, que já haviam sido organizados pelos seguranças, e correu atrás dele.
No caminho de volta para casa, o silêncio dentro do carro era quase sufocante.
Rafael observava o homem no banco de trás pelo retrovisor. Gabriel estava