— Vô... — A voz de Gabriel soou novamente, fria, sem emoção. — O meu pai, aquele canalha... Ele já te odiou? Você o forçou a se casar com uma mulher que ele não amava. Um casamento de conveniência. Ele preferiu abrir mão do direito de herdeiro, foi trabalhar como gerente numa filialzinha... Tudo isso só pra ficar com a mulher que ele realmente queria. Você acha mesmo que ele nunca te odiou por isso?
— A sua obsessão por controle é demais. Foi demais com ele. E está sendo demais comigo. — Continuou o Gabriel. — Se você não tivesse se metido desde o começo... Eu e Beatriz nunca teríamos cruzado caminhos. Nunca teríamos essa história absurda. Você me acusa, me culpa, mas já se perguntou se não foi você o verdadeiro causador disso tudo?
Cada palavra dita por Gabriel era como uma faca afundando lentamente no peito do velho.
Não havia raiva.
Não havia gritos.
Só uma calma assustadora.
E uma frieza cortante.
Do outro lado da linha, o silêncio caiu como um manto pesado.
Demorou alguns segundos