— Eu posso explicar tudo... Por favor... Só me escuta... — A voz de Gabriel foi murchando aos poucos, já sem resistência, sem mais tentativas desesperadas de se aproximar.
— Eu juro, eu nunca quis te machucar de verdade. Tudo que aconteceu... Não foi intencional. As bolhas de queimadura, aquilo foi a Vitória, não eu. A fratura no cóccix... Também foi ela. Ela me provocou, me manipulou. Aquilo foi um acidente. Eu te empurrei sem pensar... Naquela vez do vazamento de gás, eu nem percebi que tinha algo errado. Você sabe que eu nunca vou à cozinha. E depois... Eu voltei pra te procurar, mas você já tinha sido levada pela ambulância.
Gabriel finalmente disse tudo que vinha guardando.
Palavras carregadas de justificativas e arrependimento.
O olhar dele, desesperado, buscava algum sinal de clemência no rosto da mulher à sua frente.
Ele não esperava perdão.
Só queria que ela soubesse que, ao menos, ele nunca teve a intenção real de feri-la.
Mas Beatriz continuava com o rosto inexpressivo.
Fria