O pai traíra. A mãe morrera cedo.
Isso não era apenas familiar: era ele.
Gabriel ficou imóvel, o diário tremendo em suas mãos.
O coração parecia querer sair do peito.
Sim... Fazia sentido.
Naquela época, ele também só revelara sobre a própria família e suas dores depois de cerca de seis meses conversando com “Vitória”.
E ela, ou melhor, a pessoa por trás da tela, nunca lhe dissera coitadinho, nunca se compadecera de modo superficial.
Ela o ouvira com paciência e ternura, o acolhera em silêncio, o ajudara a reencontrar algum equilíbrio, a se reconstruir.
Tudo batia.
Tudo.
O raciocínio se fechava como um golpe: a garota que primeiro se aproximara dele, a que abrira o seu coração, a que o ajudara a sair da escuridão, fora Beatriz.
E “Vitória”... Vitória apenas usurpara o lugar dela.
Por quê?
Por que ele estava descobrindo isso quase dez anos depois?
Antes, Gabriel alimentara uma pequena esperança, a de que talvez Beatriz tivesse gostado dele no colégio.
Mas agora que a verdade estava ali,