No quarto do hospital.
Beatriz estava deitada de bruços, rabiscando alguns esboços na prancha digital, tentando recuperar firmeza na mão. Ao lado, o celular começou a tocar. Ela pegou o aparelho, olhou o visor e, com total indiferença, largou-o de volta na cama.
A ligação caiu depois de quarenta segundos. Ela imaginou que a pessoa do outro lado desistiria. Mas logo o telefone tocou de novo.
Veio a terceira, a quarta chamada… Insistentes, incansáveis, como se ele quisesse repetir as cem ligações daquela manhã.
Beatriz não entendia. O que Gabriel queria ligando naquela hora? Será que ele esperava que ela voltasse para casa para preparar o jantar? Mas ele sabia que ela estava internada, não sabia?
Com receio de que ele aparecesse do nada no hospital, surtando e descontando nela, como já tinha feito na hora do almoço, Beatriz largou a caneta digital, respirou fundo e atendeu o telefone.
Ela nem teve tempo de dizer “alô”. Do outro lado, a voz dele veio carregada de raiva:
— Por que só atend