Não era a minha apresentação.
Era uma projeção de slides.
Fotos de alta definição.
Minhas e de Dante. Na cama.
Eu, por cima dele, com a cabeça jogada para trás em prazer. As mãos dele apertando minha cintura, o rosto uma máscara de êxtase doloroso.
Outra foto minha, ajoelhada diante dele.
Meus lábios nos dele...
— Oh, meu Deus!
— O que é isso?
— Que nojo!
Gritos e murmúrios irromperam da plateia.
Eu fiquei paralisada no palco, sentindo o mundo inteiro observando meus momentos mais íntimos.
Quando essas fotos foram tiradas? Eu não tinha a menor ideia.
— Desliguem! Desliguem isso agora! — Gritei para a equipe técnica.
Mas as fotos continuaram mudando.
Cada uma mais explícita que a anterior.
Eu vi Isabella na plateia, cobrindo a boca com a mão para esconder um sorriso de escárnio.
Foi ela. Tinha que ter sido.
Eu desci do palco. Fui direto para ela.
— Você fez isso! — Agarrei o braço dela. — Como você conseguiu essas fotos?
— Eu não tenho ideia do que você está falando. — Isabella disse, fingindo inocência. — Talvez você mesma tenha tirado? Para chantagem?
— Sua vadia!
Eu levantei a mão para estapeá-la, mas uma mão forte segurou meu pulso.
Era Dante.
O rosto dele era uma máscara de fúria.
Ele não olhou para mim. Não olhou para Isabella. Os olhos dele percorriam a sala, um predador avaliando uma ameaça.
— Chega. — A voz dele era um sussurro autoritário que se impôs ao silêncio. Não era direcionado a mim. Era uma ordem para o mundo inteiro.
Ele estalou os dedos, e dois de seus homens moveram-se instantaneamente para a cabine técnica. A tela ficou preta.
Então, o olhar frio dele finalmente se virou para mim. — Seu tempo aqui acabou.
— Foi ela quem fez isso! Dante, aquelas fotos...
— Segurança. — Ele me interrompeu, a voz calma e serena. — Acompanhem a senhorita Vance até a saída. Agora.
Dois guardas de ternos pretos se moveram em minha direção.
— Não me toquem! — Eu tirei meu braço do aperto de Dante. — Eu vou sair sozinha!
Mas, ao me virar, meu salto torceu.
Perdi o equilíbrio e rolei pelos degraus do palco.
A parte de trás da minha cabeça bateu contra o chão de mármore.
O mundo girou.
Minha visão embaçou.
Ouvi alguém gritar, mas o som ficou distante.
Então, tudo ficou preto.
...
Acordei em um hospital.
Minha cabeça estava envolta em bandagens e um soro estava preso ao meu braço.
— Você acordou? — Uma voz masculina e gentil.
Virei a cabeça. Um jovem de óculos estava sentado ao lado da minha cama.
Mark. O contador da minha empresa.
— Você me trouxe para cá? — Minha voz estava fraca.
— Sim. — Ele concordou. — Você caiu dos degraus e bateu a cabeça com força. O médico disse que você teve uma leve concussão cerebral.
Lembrei-me de tudo o que aconteceu, e lágrimas começaram a cair.
— Aquelas fotos... Elas estão espalhadas por toda a internet agora, não é?
A expressão de Mark ficou triste.
— Sinto muito, Elara.
Fechei os olhos.
Minha carreira estava acabada.
Minha reputação estava arruinada.
Tudo tinha se ido.
— Na verdade... Eu sempre quis te dizer. — Mark disse de repente. — Eu acho que você é especial. Não apenas pelo seu talento, mas por quem você é.
Abri os olhos e olhei para ele.
— Você não tem que se curvar a ninguém. — Ele continuou. — Você merece coisa melhor.
Ele tirou um buquê de rosas brancas de trás das costas.
— Estas são para você. Espero que você se sinta melhor logo.
Olhei para as flores, um calor se espalhando pelo meu peito.
Em cinco anos, ninguém nunca tinha sido tão gentil comigo.
— Mark...
A porta do meu quarto de hospital não se abriu. Ela estilhaçou para dentro.
O estrondo ecoou no pequeno espaço, e Mark e eu nos encolhemos.
Parado na porta, silhuetado como o próprio diabo, estava Dante Costello.
Ele me ignorou. Seus olhos fixaram-se em Mark.
Três palavras foram faladas de forma agressivas por entre seus dentes. Uma ameaça de morte.
— Cai. Fora. Daqui.