CAMILA NOGUEIRA
A tirania de Arthur, disfarçada de cuidado, era sufocante. A enfermeira, era a personificação da gentileza, mas seus olhos não saíam de mim. Ela monitorava meus analgésicos, minha ingestão de água e, o mais irritante, minha mobilidade.
— Sra. Vasconcelos, o Senhor Vasconcelos foi explícito. Repouso absoluto na cama — ela disse, com um sorriso, quando tentei me levantar para ir ao banheiro.
— Célia, eu não quebrei as duas pernas. Eu sofri uma contusão. Eu preciso me mover ou vou atrofiar — argumentei, sentindo a frustração me deixar irritadiça. — Eu não vou ficar naquela cama como uma inválida. Eu vou para a sala de estar. Você pode me seguir se isso te faz feliz, mas eu vou descer.
Foi uma pequena vitória.
Ela me ajudou a mancar até o elevador privativo — claro que a casa tinha um elevador, como nunca percebi isso? — e me instalou no sofá. Pierre estava fora. Uma das funcionárias o levou para passear no jardim gigantesco.
Eu estava sozinha, dolorida, entediada e presa